São Paulo, 09 – As provisões dos bancos brasileiros para devedores duvidosos são proporcionalmente grandes quando comparadas ao lucro destas empresas, ficando bem acima da média de outras regiões do planeta, disse o analista sênior de instituições financeiras da Moody’s, Alexandre Albuquerque na quarta-feira, 7. Ou seja: no Brasil, as provisões consomem mais lucro do que em outros lugares.
O indicador que mede a relação entre as provisões dos bancos do País e o lucro antes das provisões é de 49%. Na Europa, esse índice é de 18%, nos Estados Unidos fica em 20% e na Ásia pouco acima de 20%. A média mundial é 20,9%.
“A razão para isso é o risco maior. O risco de crédito no Brasil é muito elevado”, disse Albuquerque.
Quando os juros começaram a subir, eles passaram a fazer mais provisões para calotes, movimento que começou a ser parcialmente revertido com os cortes de juros.
Segundo a análise da Moody’s, os bancos brasileiros provavelmente manterão o nível atual de rentabilidade, apesar dos desafios, como a influência crescente dos bancos digitais. No setor de crédito, os bancos tradicionais ainda dominam.
A Moody’s utiliza o lucro líquido em relação aos ativos totais dos bancos como principal métrica de rentabilidade.
Em dezembro do ano passado, a média dessa rentabilidade nos bancos brasileiros era de 1,25%, contra uma média global de 0,85%. Portanto, os bancos brasileiros estavam em melhor situação, mas Albuquerque ressalta que há 20 anos essa taxa era de 2% ou mais, destacando os desafios para o sistema.
Estadão Conteúdo