SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira (28) que o Brasil tem plenas condições de atingir o grau de investimento da dívida e que o governo precisa cortar gastos para reverter as expectativas.
Em discurso no 7º Fórum Brasil de Investimentos, evento realizado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Mercadante destacou indicadores como taxa de desemprego, inflação e crescimento para justificar a classificação.
“Eu acho que nós temos todas as condições de atingir o grau de investimento, e o governo tem que cortar gastos com seletividade, com critério, sem comprometer o crescimento do investimento, mas tem que cortar e reverter a expectativa”, disse Mercadante.
No início do mês, a agência de classificação de risco Moody’s elevou a nota de crédito do Brasil de “Ba2” para “Ba1”, deixando o país a um passo do chamado grau de investimento, quando é considerado seguro –ou seja, com baixos riscos de calote para quem investe em seus títulos de dívida.
O presidente do BNDES ainda disse, no entanto, que é necessário resolver a questão da taxa de juros, hoje em 10,75% ao ano. Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (28) mostra que a perspectiva do mercado para a Selic é de taxa 11,75% no fim deste ano.
“Eu ando ‘mudis’ [mudo] sobre juros, e a Faria Lima precisa deixar de ficar ‘surdis’ [surda] para a gente dialogar bem e encontrar um caminho que vai reverter as expectativas sobre o Brasil”, disse, repetindo fala da semana anterior durante evento da Bloomberg no qual também ironizou o mercado financeiro por não refletir as perspectivas positivas para o país.
Mercadante também destacou no evento da Apex os investimentos realizados na indústria, na transição energética e a realização da COP30 no país, prevista para acontecer no ano que vem em Belém.
“A transição energética é cara e precisa de políticas públicas”, disse.
O evento também contou com a participação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e da ministra Simone Tebet (Planejamento).