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Economia

Maioria defende tributo para diminuir o consumo de álcool

Praticamente o mesmo porcentual (62%) concorda que uma maior tributação levaria as pessoas a, efetivamente, beberem menos

Redação Jornal de Brasília

18/06/2024 23h33

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Brasília, 18 – A maioria da população (61%) é favorável à cobrança de impostos para reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, mostra levantamento realizado pela Vital Strategies, organização global de saúde pública que atua em 73 países para conceber e implantar estratégias de combate a vícios e doenças crônicas. Praticamente o mesmo porcentual (62%) concorda que uma maior tributação levaria as pessoas a, efetivamente, beberem menos.

Com base nesses dados, a Vital Strategies e a ACT Promoção da Saúde, uma organização não governamental criada em 2006 e também voltada à área da saúde, lançaram nesta terça, 18, a campanha “Quer uma Dose de Realidade?”. O objetivo é sensibilizar os parlamentares no âmbito da regulamentação da reforma tributária, que propõe a incidência do Imposto Seletivo, o “imposto do pecado”, sobre essas bebidas.

Trata-se de um tributo com fins regulatórios criado para moderar o consumo de itens considerados nocivos à saúde, como bebidas e cigarros, e ao meio ambiente. Nessa fase de regulamentação do texto constitucional, esse capítulo se tornou um dos pontos com as maiores divergências, ao lado da composição da cesta básica.

A campanha, que terá painéis nas vias de acesso ao Congresso Nacional, apresenta imagens fortes de pessoas impactadas pelos danos provocados pelo consumo de bebidas. As legendas trazem mensagens como: “O álcool é um dos maiores causadores de câncer de mama e de cólon. Parlamentar, se o álcool provoca mortes, tem de pagar mais imposto”.

Proposta

A lei complementar enviada pelo governo aos parlamentares estabelece um modelo misto para a cobrança do Seletivo sobre o consumo de álcool: uma taxação em reais, que vai variar de acordo com o teor alcoólico e o tamanho do recipiente; e uma alíquota em porcentual, que incidirá sobre o preço do produto.

“A adoção de um sistema misto de tributação, com alíquotas suficientemente altas para desincentivar o consumo, tem o potencial de colocar o Brasil em linha com as melhores práticas globais para diminuição de mortes e lesões por álcool”, afirma Pedro de Paula, diretor-geral da Vital Strategies Brasil.

Nesse contexto, Paula diz que a reforma tributária teria o potencial de salvar vidas. “Se promovermos uma redução de 20% no consumo de álcool, se estima que será possível preservar entre 15 mil e 20 mil vidas por ano no País”, diz. “É como se, a cada dois dias, nós evitássemos a queda de um avião de 120 passageiros”, compara.

Para isso, a organização calcula que seria necessária uma elevação da carga tributária total do setor, dos atuais 60% (em dados médios e aproximados), para 75% a 110%.

Paula afirma que o Brasil se comprometeu, no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, a reduzir o consumo de álcool em 20% até 2030. “E não estamos caminhando para isso. São necessárias medidas adicionais “

Segundo os dados apurados na pesquisa, 77% dos brasileiros consideram que o enfrentamento dos problemas associados ao consumo de álcool é de responsabilidade do governo. O levantamento mostrou ainda que 78% estariam dispostos a assinar uma petição em favor da implementação de políticas sobre o tema

Cobrança adicional

As alíquotas do Seletivo ainda não foram definidas pelo governo – isso ficará a cargo de uma lei ordinária -, mas ferramenta desenvolvida pelo Banco Mundial estima em 46,3% a cobrança sobre cervejas e chopes e em 61,6% sobre outras bebidas alcoólicas. Isso considerando apenas o “imposto do pecado”, que incidirá antes da cobrança do IVA (o Imposto sobre Valor Agregado, que terá alíquota média de 26,5%).

Os porcentuais foram considerados elevados pela indústria de bebidas, que já prepara articulação no Congresso e no âmbito do Ministério da Fazenda. Após vencerem a primeira batalha travada com os fabricantes de destilados, que defendiam uma taxação não proporcional ao teor alcoólico, as cervejarias agora pleiteiam a manutenção da carga tributária.

Estadão Conteúdo

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