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Economia

Juros futuros caem após manutenção da Selic em 13,75%

As taxas de juros futuros, especialmente os de longo prazo, registraram queda nesta quinta-feira (4), após a decisão do Copom

FolhaPress

04/05/2023 20h03

Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

Marcelo Azevedo

São Paulo, SP

As taxas de juros futuros, especialmente os de longo prazo, registraram queda nesta quinta-feira (4), após a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a Selic (taxa básica de juros) em 13,75% ao ano.

Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 caíram de 13,24% para 13,21%. Os de janeiro de 2025 foram de 11,88% para 11,79%, enquanto os para 2026 saíram de 11,58% para 11,45%.

A diminuição mostra o mercado projetando um ambiente econômico mais favorável para cortes na Selic, o que deve acontecer a partir do segundo semestre. Novas altas de juros também não deverão ser necessárias para que o Banco Central (BC) controle a inflação.

O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15) mais recente, por exemplo, mostrou que a alta de preços no Brasil está desacelerando. Em abril, o indicador teve alta de 0,57%, a menor taxa desde 2020.

Apesar de o Copom ter mantido o tom conservador em seu comunicado sobre os juros, no qual não deu sinais de uma diminuição na Selic, a avaliação de analistas é a de que uma nova alta neste ano é improvável.

“O Copom deu a entender que a possibilidade de subir ainda mais os juros é pequena. O BC deve manter a Selic em 13,75% por mais tempo para controlar a inflação, e o mercado já começa a projetar uma ligeira queda ainda neste ano. No longo prazo, os juros não devem se manter nesse patamar”, diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.

O Bank of America ajustou de 11% para 11,75% a projeção para a Selic no encerramento deste ano, mas agora aposta que o primeiro corte seja feito já em agosto.

Já o Bradesco manteve sua previsão de 12,25% para o nível da taxa básica de juros no fim de 2023. Para o banco, a piora das expectativas e a incerteza sobre o cenário econômico brasileiro não permitem que Copom dê sinais claros de uma diminuição nos juros, mas o início de um ciclo de cortes ainda é esperado para este ano.

O estrategista-chefe da Warren Rena, Sergio Goldestein, diz que, além de sinalizações do comitê, o cenário externo favoreceu a queda dos juros de longo prazo.

“Alguns analistas viram sinais de maior flexibilização do tom adotado pelo Copom. Isso, somado aos problemas no setor bancário, os riscos de uma recessão nos EUA e a perspectiva de pausa por parte do Fed [Federal Reserve, o banco central americano] contribuem para a queda dos juros futuros”, afirma Goldestein.

Para o economista, mesmo que o tom usado pelo comitê tenha sido duro, é possível manter a avaliação de queda da Selic até o fim do ano.

“Independente da interpretação sobre a sinalização do Copom, a avaliação é que o discurso duro busca controlar as expectativas de inflação, mas que, em algum momento neste ano, a realidade vai se impor e o BC terá que iniciar a flexibilização [dos juros], ainda que de forma bem gradual”, afirma.

Em seu comunicado, o Copom afirma que segue considerando incertezas sobre o cenário econômico e se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de conter a inflação. Disse, ainda, que não há relação mecânica entre a diminuição da inflação e a aprovação do arcabouço fiscal.

Por outro lado, o BC menciona a queda adicional dos preços das commodities, a possibilidade de uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada, puxada pelas condições adversas no sistema financeiro global, e uma redução na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.

Nos Estados Unidos, o Fed elevou as taxas do país em 0,25 ponto percentual, e o presidente da instituição, Jerome Powell, também adotou um tom rígido sobre a política de juros. Houve, porém, sinalizações de uma possível pausa na escalada das taxas, dando às autoridades tempo para avaliar as recentes falências bancárias.

Após a falência do First Republic Bank, terceira instituição financeira a colapsar nos EUA desde março, bancos regionais americanos têm registrado quedas significativas e ampliado os temores sobre o sistema financeiro do país.

O PacWest anunciou que foi abordado por potenciais parceiros e investidores sobre uma possível venda e caiu 50.55% nesta quinta. O Western Alliance, outro importante banco regional americano, caiu 38,73% no dia.

A crise bancária e o temor de uma recessão no país podem ser avaliadas pelo Fed como motivos para pausar a escalada de juros nos EUA, que já sente os efeitos da desaceleração econômica.

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