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Economia

Inflação acelera para 2,9% em agosto nos EUA

Apesar do aumento, analistas veem pouco risco de o Federal Reserve adiar cortes de juros; tarifas de Trump pressionam preços e impactam a economia americana

Redação Jornal de Brasília

11/09/2025 13h43

Foto: AFP

Foto: AFP

A inflação nos Estados Unidos acelerou em agosto, chegando a 2,9%, seu nível mais alto desde janeiro, segundo dados oficiais publicados nesta quinta-feira (11), embora analistas acreditem ser pouco provável que isto impeça que o Federal Reserve reduza as taxas de juros.

O índice de preços ao consumidor (IPC) subiu para 2,9%, frente aos 2,7% de julho na medição em 12 meses, segundo o Departamento do Trabalho, à medida que as tarifas aduaneiras do presidente Donald Trump impactam a maior economia do mundo.

O número está alinhado com as expectativas dos analistas, e os economistas tentam avaliar se as taxações de Trump provocarão um aumento pontual dos preços ou levarão a custos persistentemente mais altos.

Em termos mensais, o IPC subiu 0,4% em agosto, segundo o relatório, frente a 0,2% em julho.

O indicador de inflação subjacente, que exclui os componentes voláteis de alimentos e energia, aumentou 3,1% em 12 meses.

“O Fed está preparado para começar a cortar os juros na próxima semana, praticamente de forma independente do que o IPC indicar”, declarou à AFP Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide.

“O grau de aumento dos preços ao consumidor influenciará no ritmo e na magnitude dos cortes dos juros este ano, não se vamos consegui-lo ou não”, acrescentou Bostjancic.

A porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI), Julie Kozack, disse a jornalistas, nesta quinta-feira, que “algumas tensões começam a aparecer” na economia americana, com uma diminuição da demanda e uma desaceleração no crescimento do emprego.

“Há margem para que o Fed comece a reduzir as taxas de política” monetária, acrescentou durante uma coletiva de imprensa, destacando os riscos que pesam sobre o mercado de trabalho.

– Impacto das tarifas aduaneiras –

A próxima reunião sobre política monetária do Fed está prevista para a semana que vem, na terça e na quarta-feira (16 e 17 de setembro), e os operadores antecipam que o BC americano reduzirá a taxa de juros de referência em 25 pontos-base.

Este seria seu primeiro corte dos juros desde dezembro, após meses de pressão do presidente Donald Trump.

As autoridades mantiveram os juros inalterados este ano entre 4,25% e 4,50%, enquanto monitoravam os efeitos das tarifas aduaneiras sobre a inflação.

No entanto, diante do enfraquecimento do emprego, Bostjancic afirmou que os dirigentes do Fed estão se concentrando mais na preocupação com uma desaceleração do mercado de trabalho.

Como resultado, a instituição financeira poderia se inclinar a reduzir os juros para impulsionar a economia, em vez de mantê-las em um nível mais alto, priorizando o combate à inflação.

O aumento do IPC em agosto ocorreu simultaneamente à elevação dos preços dos alimentos, da energia e da moradia.

Desde que voltou à Casa Branca, em janeiro, Trump impôs uma tarifa alfandegária de 10% a quase todos os seus parceiros comerciais e taxações ainda mais altas que impactaram dezenas de economias.

Ele também aplicou tarifas mais elevadas às importações de setores específicos, como o aço, o alumínio e os automóveis.

Os economistas advertem que o efeito acumulado demorará a chegar aos consumidores, já que muitas empresas ampliaram seus estoques antecipando o período de vigência das tarifas, o que permitiu evitar aumentos imediatos dos preços.

© Agence France-Presse

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