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Economia

Incerteza regulatória trava compra de botijões para Gás do Povo, diz setor

Distribuidoras alertam que setor precisa de definição rápida para atender aumento de demanda de até 16 milhões de famílias

Redação Jornal de Brasília

24/09/2025 15h45

gás

Marcello Casal/Agência Brasil

NICOLA PAMPLONA
FOLHAPRESS

As distribuidoras de gás de cozinha afirmam que indefinições sobre a regulação do setor travam a compra de novos botijões para atender ao programa Gás do Povo, lançado no início do mês pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com a distribuição de botijões de graça para até 16 milhões de famílias, o programa deve elevar em até 8% as vendas de GLP (gás liquefeito de petróleo) envasado em pequenos vasilhames no país, estima o Sindigás (Sindicato das Empresas Distribuidoras de GLP).

O presidente da entidade, Sergio Bandeira de Mello, diz que o país precisará em torno de cinco a dez milhões de novos botijões para atender o aumento da demanda. As empresas já iniciaram conversas com os fornecedores, afirma, mas os negócios ainda não foram fechados.

“Como que eu compro cinco a dez milhões de garrafas, custando R$ 220 cada uma, enquanto a ANP [Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis] diz que, talvez em março, nenhuma mais me pertença?”

A ANP estuda uma ampla revisão na regulação do setor, com a introdução de medidas questionadas pelas grandes empresas, como a possibilidade de enchimento parcial dos botijões e o fim da exclusividade dos vasilhames, permitindo que empresas vendam botijões de concorrentes.

Defensores das mudanças alegam que elas ajudariam a reduzir o custo do frete dos botijões e, portanto, o preço final do gás; além de permitir a entrada de novas empresas em um setor hoje dominado por cinco grandes companhias.

As grandes distribuidoras, que respondem por cerca de 80% das vendas, reclamam que as propostas reduzem a segurança dos botijões sem grande impacto nos preços e podem abrir espaço para a entrada do crime organizado no setor de gás de cozinha.

A ANP diz que ainda não há decisão sobre o tema e que eventual mudança seria acompanhada de “medidas de segurança e rastreabilidade dos botijões, que permitirão não apenas manter, como melhorar a fiscalização”.

Em entrevista durante a conferência Liquid Gas Week, Bandeira de Mello defendeu uma definição rápida sobre o tema, já que o programa Gás para Todos deve atingir todo o público esperado em março de 2026. As empresas, alegou, precisam de tempo para adquirir os botijões.

Também presente no evento, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, evitou se posicionar diretamente sobre o tema, mas sinalizou que o governo não apoia mudanças bruscas na regulação do setor, que hoje é alvo de uma das principais bandeiras eleitorais de Lula.

“Há por parte de uma visão de governo que a estabilidade regulatória é que nos dá segurança na execução de programas tão relevantes como o programa Gás do Povo”, afirmou.

“A agência reguladora autônoma tem todo o direito de debater esse tema, mas nós temos o Conselho Nacional de Política Energética, que eu presido, que estará sempre atento a emanar políticas públicas que deem estabilidade aos investimentos no Brasil.”

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