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Economia

Hidrelétricas responderão por menos de 50% da energia em 2034, prevê estatal

Também chama atenção o crescimento do gás natural, que quadruplicaria sua geração no horizonte de dez anos

Redação Jornal de Brasília

08/11/2024 10h48

Foto: Divulgação

FÁBIO PUPO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A participação das hidrelétricas na geração de energia do Brasil cairá para menos de 50% em 2034, de acordo com a estatal EPE (Empresa de Pesquisa Energética). A previsão é que a queda seja acompanhada do crescimento de outras fontes, como usinas solares, eólicas e aquelas movidas a gás natural.

As hidrelétricas são responsáveis por 55,8% da energia gerada pelo país hoje e, em dez anos, a previsão é que a participação seja de 46,7%. Mesmo assim, elas ainda devem ser a principal fonte de eletricidade do país.

A menor fatia das hidrelétricas deve ser compensada pelo crescimento de fontes como a eólica, que cresceria dos atuais 15% de participação para 17,2% em dez anos -mantendo a segunda posição na matriz geradora. A solar, por sua vez, passaria de 3,4% para 5,8%.

Também chama atenção o crescimento do gás natural, que quadruplicaria sua geração no horizonte de dez anos. As usinas térmicas não renováveis mais que dobrarão sua participação no sistema, de 2,9% para 6,4%. A nuclear também teria fatia maior, de 1,8% para 2,4%.

De acordo com a EPE, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, mesmo com o crescimento da geração a gás natural, a geração brasileira será 86,1% renovável no horizonte de tempo analisado.

A estatal também estima que a geração crescerá a uma taxa média de 3,3% ao ano, chegando em 2034 com uma oferta estimada de 1.045,3 TWh (terawatts-hora). Mesmo assim, a oferta de energia per capita ainda ficaria aquém da média mundial vista hoje e significativamente abaixo do visto atualmente em países como os Estados Unidos.

Os números serão analisados de forma detalhada a partir desta sexta (8) em consulta pública do Plano Decenal de Expansão de Energia 2034, coordenado pela EPE e pelo Ministério de Minas e Energia.

O levantamento estima que o país terá R$ 3,2 trilhões em investimentos em energia de forma ampla. O valor é o mesmo já observado em edições do levantamento feitas em anos anteriores.

Para o horizonte até 2034, o montante seria dividido em três categorias principais. Petróleo e gás responderiam por R$ 2,5 trilhões, energia elétrica por R$ 597 bilhões e biocombustíveis líquidos por R$ 102 bilhões.

Movimentos recentes podem incentivar investimentos em hidrelétricas. Conforme mostrou a Folha, o governo estuda criar um indicador para avaliar necessidades de geração de energia no país. O novo critério analisaria o quão flexível está o sistema para atender às demandas surgidas em curtíssimo tempo e, a depender dos resultados, pode resultar em um novo tipo de leilão no setor.

Caso o indicador aponte que o sistema é deficiente em flexibilidade, os dados podem desencadear a decisão por novos leilões voltados especificamente a resolver esse problema. O debate atualmente está em estabelecer um prazo para a criação do indicador.

A flexibilidade seria proporcionada pelas hidrelétricas, de acordo com envolvidos nas discussões. Essas usinas têm condições de elevar rapidamente o atendimento em momentos de urgência.

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) pode comunicar à usina, por exemplo, que em dez minutos deve haver aumento de geração em 200 megawatts. Essa necessidade pode ser observada, por exemplo, em um dia de temperaturas mais altas -quando há um consumo mais intenso devido ao acionamento de aparelhos de ar-condicionado.

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