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Economia

Governo Lula vai pleitear que carne já embarcada fique fora de novas cotas chinesas

Nesta quarta-feira (31), o Ministério do Comércio da China anunciou que, a partir de 1º de janeiro, adicionará tarifas de 55% sobre as importações de carne bovina de países como Brasil, Argentina, Uruguai e Estados Unidos

Redação Jornal de Brasília

31/12/2025 12h11

lula brasil china

Foto: Ricardo Stuckert / PR

RICARDO DELLA COLETTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve pedir às autoridades da China que a carne bovina brasileira já embarcada e que no momento está em trânsito não entre na cota recém-anunciada pelo país asiático para fins de aplicação de tarifas.


Nesta quarta-feira (31), o Ministério do Comércio da China anunciou que, a partir de 1º de janeiro, adicionará tarifas de 55% sobre as importações de carne bovina de países como Brasil, Argentina, Uruguai e Estados Unidos que excedam uma determinada quantidade.


No caso do Brasil, a cota para 2026 será de 1,1 milhão de toneladas. Isso significa que o que superar esse patamar estará sujeito a uma tarifa de 55%.


O pedido para que o produto já embarcado não seja considerado no cálculo da cota é uma das medidas que o governo Lula pretende adotar para tentar aliviar o impacto do tarifaço chinês. Segundo pessoas com conhecimento do setor, pode haver entre 100 mil e 150 mil toneladas de carne nessa situação.


Outra ação que será estudada nos primeiros dias de 2026 será solicitar à China algum tipo de compensação às salvaguardas impostas. Uma das hipóteses é pedir a Pequim acesso preferencial a miúdos de bovinos e suínos, um pleito antigo do Brasil.


De acordo com dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), o Brasil exportou cerca de 1,7 milhão de toneladas de carne bovina para a China em 2025, a grande maioria in natura.


Isso significa que a sobretaxa chinesa, se mantido o patamar deste ano, poderia afetar mais de 500 mil toneladas do produto.


Apesar do cálculo, pessoas que acompanham o setor destacam que 2025 foi um ano extremamente positivo para as exportações brasileiras para a China, impulsionadas, entre outros fatores, pelo tarifaço aplicado por Donald Trump —Pequim pode ter absorvido parte da carne que iria para os Estados Unidos.


Em nota, a Abiec e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) disse que as tarifas chinesas tornam necessários “ajustes ao longo de toda a cadeia, da produção à exportação, para evitar impactos mais amplos”.


“A Abiec e a CNA seguirão acompanhando a implementação das medidas, atuando diretamente junto ao governo Brasileiro e às autoridades chinesas para reduzir os danos que essa sobretaxa causará aos pecuaristas e exportadores brasileiros e para preservar o fluxo comercial historicamente praticado”, disseram as entidades, em nota.


O governo da China anunciou a sobretaxa sob a justificativa de proteção do seu mercado interno.
Os preços da carne bovina na China têm apresentado tendência de queda nos últimos anos devido ao excesso de oferta e à fraca demanda decorrente da desaceleração da segunda maior economia do mundo, segundo analistas.


Ao mesmo tempo, as importações dispararam, tornando o gigante asiático um mercado crucial para países produtores de carne bovina, como os da América Latina e a Austrália.


Pesquisadores chineses concluíram que a compra de carne bovina estrangeira prejudicou a indústria nacional, afirmou o Ministério do Comércio em um comunicado à imprensa justificando sua decisão.


A investigação oficial abrangeu carne bovina fresca, congelada, com osso e sem osso, de acordo com a mesma fonte, afirmando que as tarifas adicionais serão aplicadas por três anos, até 31 de dezembro de 2028.

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