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Economia

FMI revisa para cima projeção do PIB do Brasil em 2025, mas prevê desaceleração no ano que vem

Para 2026, no entanto, a perspectiva é a de que haja uma desaceleração devido ao efeito das tarifas aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Redação Jornal de Brasília

14/10/2025 10h47

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

JULIA CHAIB
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)

O FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou as projeções feitas em abril deste ano e agora prevê que o PIB do Brasil deverá ter um crescimento maior do que o esperado no início de 2025.

Para 2026, no entanto, a perspectiva é a de que haja uma desaceleração devido ao efeito das tarifas aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em abril, o fundo projetou que o Brasil cresceria 2% neste ano, um recuo de 0,2 ponto porcentual em relação ao esperado anteriormente. O novo relatório Perspectiva Econômica Mundial atualiza a expectativa de alta do PIB para 2,4% neste ano.

Para 2026, a previsão é de crescimento de 1,9%, o que é uma revisão para baixo da expectativa de abril, de 2%. Em julho, relatório do fundo já apontava essa revisão nos índices.

O dado indica, assim como constatado pelo fundo em relação ao mundo de um modo geral, que o tarifaço promovido por Trump teve um efeito menos pior que o esperado inicialmente.

No geral, os países da América Latina tiveram uma alta na projeção dos seus dados. “A previsão para 2025 é revisada para cima em 0,4 ponto percentual em relação a abril, devido a taxas tarifárias mais baixas para a maioria dos países da região e dados recebidos mais fortes do que o esperado”, diz o relatório.

“A revisão é impulsionada principalmente pelo México, que deve crescer 1,0% em 2025, 1,3 ponto percentual acima do previsto no WEO de abril de 2025. Para o Brasil, a projeção para 2025 é revisada para cima, mas a de 2026 é revisada para baixo, em parte devido à maior taxa tarifária sobre as exportações do país para os Estados Unidos”, informa o documento.

As economias emergentes de um modo geral devem ter resultado mais positivo do que o projetado no início do ano “graças em parte à produção agrícola recorde no Brasil, à robusta expansão do setor de serviços na Índia e à demanda doméstica resiliente na Turquia”, segundo o fundo. Apenas a China não se encaixa nessa expectativa de melhora.

O relatório pondera, no entanto, que as condições externas estão se tornando mais desafiadoras e, como exemplo, diz que no Brasil há sinais de que o impulso doméstico está desacelerando “em meio a políticas monetárias e fiscais restritivas”.

No geral, o FMI projeta uma desaceleração da economia global de 3,3% em 2024 para 3,2% em 2025, segundo do FMI.

Os dados da instituição apontam que o efeito das tarifas aplicadas foi menos catastrófico do que o aguardado em abril. Isso graças aos acordos comerciais que foram desenhados –o que levou a uma redução no índice das sobretaxas anunciadas inicialmente por Trump em abril.

“A evolução das projeções do WEO pintou um quadro de um impacto significativo, embora não massivo, das políticas em mudança sobre as perspectivas econômicas.”

“A resiliência inesperada na atividade e a resposta moderada da inflação refletem —além do fato de que o choque tarifário acabou sendo menor do que o anunciado originalmente— uma série de fatores que proporcionam alívio temporário, em vez de força subjacente nos fundamentos econômicos”, diz o relatório.

O fundo ressalta, porém, que o cenário de incertezas permanece elevado e que a taxa tarifária geral dos EUA cresceu a níveis não vistos em um século, variando numa faixa entre 10% a 20% para a maioria dos países.

“A incerteza da política comercial permanece elevada na ausência de acordos claros, transparentes e duráveis entre parceiros comerciais —e com a atenção começando a se deslocar do nível eventual de tarifas para seu impacto sobre preços, investimento e consumo”, aponta o banco no relatório.

Os EUA, por sua vez, ainda não viram um efeito intenso das tarifas nos preços locais. O fundo aponta consequência moderada, sendo que a inflação geral subiu ligeiramente.

A inflação subjacente também teve uma leve subida, mas ela revela o aumento no preço de bens essenciais no país. Uma das explicações é que pode haver um atraso no impacto das tarifas em razão do fato de ter havido pausas e acordos.

O fundo ainda aponta que os dados agregados podem mascarar variações nos preços de importação.

“A falta de queda nos preços de importação desta vez —pelo menos até o momento— indica que os exportadores como um todo não absorveram tarifas através de margens ou ajuste de preço de exportação, deixando empresas e famílias dos EUA para arcar com o ônus”, diz o relatório.

O FMI ainda projeta que a política fiscal da maioria dos países permanece frouxa.

“Estabilizar a dívida em relação ao PIB no seu nível de 2024 requer uma consolidação significativa para a maioria dos países. Em outras palavras, dados os saldos primários projetados para 2025, os índices de endividamento tendem a aumentar e, em alguns casos —Brasil, China, França e Estados Unidos— significativamente”, afirma o fundo.

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