ALEX SABINO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Os sócios da Fictor Holding Financeira, que nesta segunda-feira (17) anunciou proposta de compra do Banco Master, pretendem fazer novos investimentos na empresa, além dos R$ 3 bilhões anunciados inicialmente.
“Esses aportes serão definidos para mitigar o passivo do Master”, afirma Rafael Paixão, um dos sócios da empresa, ao lado de Phillippe Rubini e Rafael Góis.
A operação ainda está sujeita à aprovação do Banco Central e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Segundo pessoas a par das tratativas, a Fictor não tinha apresentado ao BC o pedido de compra do Master antes de fazer o anúncio publicamente, algo incomum no setor financeiro.
Aquisições de instituições financeiras precisam passar pelo crivo do regulador, um processo que costuma ser criterioso e demorado. Tampouco tinha discutido com o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) o futuro de uma linha de liquidez bilionária concedida.
A compra, com a participação de fundos de investimento dos Emirados Árabes, envolve o Master e o LetsBank. O Will Bank e o Banco Master de Investimentos não foram incluídos na transação. Segundo Góis, esta foi uma condição para a negociação.
Ele afirma que dois fundos do exterior assumirão essas instituições, mas isso apenas será revelado na sexta-feira (21).
O mesmo vale para o fundo de investimento dos Emirados Árabes, sócio na empreitada. “Eles já estão no Brasil, mas não no mercado financeiro”, afirma.
Eles afirmam ter feito feito três visitas a Dubai neste ano para fechar acordo. E que a Fictor esperava há três anos uma oportunidade como essa.
Entre as questões em aberto, estão os R$ 4 bilhões de empréstimo emergencial do FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Os sócios dizem que o pagamento será resolvido mediante uma negociação.
O fundo, alimentado com dinheiro das instituições financeiras, garante depósitos de investidores em caso de quebra de bancos.
A possibilidade de compra do Master estava na mesa do Fictor desde o início do ano, eles afirmam, mas é um projeto mais antigo de Phillippe Rubini.
“Eu tinha interesse em comprar um banco e surgiu a oportunidade de comprar o Master. Principalmente quando viabilizamos os investidores”, afirma ele.
Se o negócio for concluído, a holding terá 100% das ações que estavam com Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master. Como parte do acordo apresentado ao Banco Central, Vorcaro deixará o negócio, um novo conselho será formado e um presidente eleito.
Em setembro, o Banco Central havia rejeitado uma tentativa do BRB (Banco de Brasília) de adquirir o Master, num acordo que previa a compra de R$ 23 bilhões em ativos do banco de Vorcaro. A autoridade monetária apontou risco de sucessão ao vetar a operação, já que o BRB teria que assumir todas ou grande parte das operações não conhecidas do Master.
A Fictor faz parte de um conglomerado que possui negócios em setores como alimentos, gestão de recursos, pagamentos, energia e imóveis. O grupo, que patrocina o Palmeiras com R$ 30 milhões por ano, diz que tem cerca de 30 empreendimentos que somam mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,2 bilhões).
O grupo econômico afirma ter mais de 6.000 colaboradores.