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Economia

Entenda o que são as “terras raras”, que podem destravar a relação comercial entre Brasil e EUA

A China domina cerca de 80% de todo o refino mundial, o que lhe garante poder político e econômico sobre cadeias industriais inteiras

Marcondes Brito

21/10/2025 13h22

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Foto: Divulgação

Por Marcondes Brito
O Norte Online
Parceiro do Jornal de Brasília na Paraíba

Nos últimos meses, o termo “terras raras” tem aparecido com frequência crescente em debates sobre economia, tecnologia e política internacional. Mas afinal, o que são essas substâncias e por que elas se tornaram um ativo estratégico nas negociações entre Brasil e Estados Unidos?

Apesar do nome, elas não são tão raras quanto parecem. As “terras raras” são um grupo de 17 elementos químicos — como o neodímio, o lantânio e o térbio — dotados de propriedades magnéticas, luminosas e condutoras únicas. São, literalmente, o coração invisível da tecnologia moderna. Sem elas, não haveria motores elétricos, baterias de alta densidade, painéis solares, turbinas eólicas, telas de celulares e televisores, nem sistemas de defesa de ponta.

Esses metais são indispensáveis para a transição energética e para o avanço da indústria 4.0. E é justamente por isso que estão no centro de uma disputa global. A China domina cerca de 80% de todo o refino mundial, o que lhe garante poder político e econômico sobre cadeias industriais inteiras. Uma restrição nas exportações chinesas, por exemplo, poderia paralisar desde fábricas de semicondutores até a produção de armas sofisticadas.

Os Estados Unidos, principais concorrentes de Pequim, vêm buscando reduzir essa dependência e criar novas parcerias em regiões com estabilidade política e potencial geológico. O Brasil se encaixa nesse perfil: é um dos poucos países com grandes reservas ainda pouco exploradas.

As jazidas mais promissoras estão nos estados do Amazonas, Goiás, Bahia e Minas Gerais, mas estudos recentes também incluem áreas da Paraíba entre os pontos de interesse. Pesquisas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Serviço Geológico do Brasil (SGB) identificaram presença de minerais críticos em municípios como Piancó, Patos, Monteiro e Sumé — ainda em fase inicial de investigação.

O interesse americano não se limita à compra do minério. A meta é investir numa cadeia produtiva completa fora do território chinês — da extração ao refino e à fabricação de produtos tecnológicos. Para o Brasil, isso pode significar uma oportunidade de ouro: atrair investimentos, gerar empregos de alta qualificação e desenvolver uma nova frente de política industrial.

Mas há desafios. O primeiro é garantir que o país não fique apenas com o papel de fornecedor de matéria-prima bruta. O segundo é assegurar que a exploração siga padrões ambientais e sociais rígidos — a mineração de terras raras, se mal conduzida, pode causar contaminação e danos duradouros.

O tema, portanto, vai além da economia. As terras raras representam uma nova fronteira de poder global — e o Brasil, com sua combinação de recursos naturais e estabilidade política, pode se tornar um protagonista dessa disputa.

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