Menu
Economia

Em alta de 0,9%, Ibovespa volta a quebrar recorde durante sessão e encerramento

No encerramento desta segunda-feira, o índice da B3 mostrava alta de 0,90%, aos 143.546,58 pontos, novo pico de fechamento

Redação Jornal de Brasília

15/09/2025 18h46

ibovespa (1)

Foto: Reprodução/ Flickr

São Paulo, 15 – Dando prosseguimento ao movimento da virada de agosto para setembro, o Ibovespa chegou à metade do novo mês – o último do terceiro trimestre – pulverizando marcas históricas, no intradia e em fechamento, ainda que não tenha conseguido sustentar os 144 mil pontos no fim da sessão. No melhor momento, nesta segunda-feira, foi aos 144.193,58 pontos (+1,35%), recorde que deixa para trás os 144.012,50 pontos vistos durante o pregão da última quinta-feira.

No encerramento desta segunda-feira, o índice da B3 mostrava alta de 0,90%, aos 143.546,58 pontos, novo pico de fechamento, em sessão na qual havia iniciado aos 142.292,21, na mínima do dia.

Em setembro, o Ibovespa avança 1,50%, aproximando de 20% os ganhos do ano, agora a 19,34%. Contudo, o giro desta segunda-feira foi contido, a R$ 17,0 bilhões.

Na ponta ganhadora da carteira, destaque para Magazine Luiza (+7,41%), Yduqs (+6,72%) e Cogna (+4,45%), três empresas associadas ao ciclo doméstico. No lado oposto, RD Saúde (-3,93%), Minerva (-2,56%) e Banco do Brasil (-2,20%).

Entre os grandes bancos, apenas BB destoou do sinal positivo e encerrou na mínima do dia – ainda assim, o papel vem de uma semana de recuperação, aponta Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Destaque para Itaú PN, a principal ação do segmento, em alta de 1,66% no fechamento. Vale ON, principal papel do Ibovespa, subiu hoje 0,88%, enquanto Petrobras mostrou ganhos de 1,45% na ON e de 0,87% na PN, no fechamento.

“Brasil teve um desempenho acima do índice de emergentes, em sessão de baixa global do dólar”, diz Lourenço.

Por aqui, na mínima do dia, a moeda norte-americana foi negociada na casa de R$ 5,30, e encerrou ainda em baixa de 0,61%, a R$ 5,3217.

Em perspectiva mais ampla, o índice da Bolsa brasileira levou quase dois meses para trocar o então recorde histórico na casa de 141,2 mil, do fechamento de 4 de julho – poucos dias antes do tarifaço de 9 de julho -, por outro em pontuação pouco à frente, de 141,4 mil, em 29 de agosto. Desde então, o índice da B3 ganhou dinâmica mais firme com a aproximação do momento de corte de juros nos Estados Unidos, que se aguarda para a reunião desta quarta-feira do Federal Reserve.

“No decorrer do caminho, quanto mais se teve clareza de que o Federal Reserve cortaria juros, o mundo começou a se animar, e foi simplesmente tomando risco”, diz Alison Correia, analista e sócio-fundador da Dom Investimentos, mencionando também melhora na perspectiva do mercado doméstico para fatores como inflação e câmbio. Ele observa que, além de a estimativa para o IPCA no ano ter recuado de 4,85% para 4,83%, a do dólar passou de R$ 5,55 para R$ 5,50.

Por outro lado, Correia aponta que o IBC-Br divulgado nesta segunda-feira – índice de atividade do BC, considerado uma ‘proxy’ para o PIB – caiu 0,53% em julho, na margem, em leitura pior do que antecipava o mercado para o mês.

Além da decisão do Fed, na próxima quarta-feira, o Copom deve manter a Selic em 15% ao ano. Mas a redução das taxas de juros nos EUA neste começo de fim de ano acende a luz para que os juros do Brasil venham a cair, ante a melhora das projeções de mercado para a inflação doméstica, pelo IPCA: não apenas em 2025 e 2026, como no horizonte relevante da política monetária – ou seja, chegando agora, também, a 2027, conforme o Boletim Focus desta semana.

Assim, desde 29 de agosto, com a melhora da perspectiva global e doméstica, o índice da B3 voltou a renovar máximas de fechamento nas sessões de 5 de setembro (142.640,14 pontos), 11 de setembro (143.150,84) e, agora, em 15 de setembro, aproximando-se pela primeira vez, em encerramento, da casa de 144 mil.

Destaque da agenda doméstica nesta abertura de semana de Fed e Copom, a mediana para a inflação suavizada nos próximos 12 meses passou de 4,45% para 4,43% no Boletim Focus desta manhã. Para 2025, caiu de 4,85% para 4,83%, ainda acima do teto da meta (4,50%). Já a estimativa para a inflação de 2027 passou de 3,93% para 3,90%.

“Pela primeira vez, vimos a projeção da Selic caindo para 2026 – de 12,50% para 12,38% ao ano – e IPCA cedendo em 2027 3,93% para 3,90%, que é o horizonte relevante de política monetária, em semana de super-quarta”, diz Bruna Sene, analista de renda variável da Rico. Para 2025, a projeção para a Selic seguiu em 15% ao ano, estimativa também esperada para a decisão do Copom na Quarta-feira.

Dólar

O dólar exibiu queda firme na abertura de semana e fechou a segunda-feira, 15, perto do nível de R$ 5,30. A expectativa pelo início de um ciclo de corte de juros nos Estados Unidos na quarta-feira, 17, levou a uma nova rodada de enfraquecimento global da moeda norte-americana.

O real exibiu, como no pregão anterior, o melhor desempenho entre as principais divisas emergentes. Segundo operadores, a moeda brasileira foi impulsionada por fluxos para a renda fixa e a Bolsa doméstica. O Ibovespa voltou a renovar nesta segunda recorde intradia, acima dos 144 mil pontos.

Analistas ressaltam que o provável desfecho da chamada “Super Quarta” – com provável corte de 25 pontos-base na taxa norte-americana pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e manutenção da Selic em 15% ao ano pelo Banco Central brasileiro – vai ampliar diferencial de juros interno e externo no curto prazo, estimulando ainda mais o apetite por operadores de carry trade.

Com mínima de R$ 5,3091 à tarde, o dólar à vista encerrou a sessão em queda de 0,61%, a R$ 5,3217 – menor valor de fechamento desde 6 de junho de 2024 (R$ 5,2508). Nos últimos três pregões, a divisa acumula perda de 1,58%. O dólar recua 1,85% em setembro e 13,89% no ano.

Para o economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, não há outra explicação para o desempenho do real que a perspectiva de aumento do diferencial de juros, na iminência de início de um afrouxamento monetário nos EUA.

“O dólar está se enfraquecendo lá fora, mas cai mais aqui dentro Com corte lá fora e Selic parada, o diferencial fica muito favorável para o Brasil”, afirma Costa.

O economista observa que a perspectiva crescente de que haja espaço para uma redução da taxa Selic em dezembro, dados os sinais de desaceleração da economia, joga curiosamente a favor do real no curto prazo por duas vias distintas.

Em primeiro lugar, turbina ainda mais o apetite pelo carry trade, com investidores tentando aproveitar a janela de ampliação do diferencial daqui até dezembro. Além disso, estimula a entrada de capital estrangeiro para a Bolsa, que tende a se beneficiar de cortes de juros lá na frente.

Entre os indicadores do dia, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,53% em julho ante junho (na série com ajuste sazonal), com comportamento mais fraco do que a mediana de Projeções Broadcast, que apontava para uma queda de 0,30%.

“Talvez o real esteja no melhor momento. Não é certo que esse movimento de apreciação seja persistente. A sazonalidade do fluxo é ruim no fim do ano e ainda temos os nossos problemas fiscais”, afirma Costa, ressaltando que a proposta ventilada no governo Lula para reduzir ou zerar as tarifas de ônibus por meio de subsídios ficou nesta segunda-feira em segundo plano, apesar do impacto fiscal negativo.

No exterior, o índice DXY – termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes – recuava cerca de 0,25% no fim da tarde, ao redor dos 97,300 pontos, após mínima aos 97,273. O Dollar Index caiu 0,30% em setembro. No ano, cede pouco mais de 10%.

É dado como certo que o Fed vai reduzir a taxa básica de juros norte-americana em pelo menos 25 pontos-base na quarta-feira, dando início a um ciclo de afrouxamento monetário. A maioria dos investidores aposta em uma redução total de 75 pontos-base até o fim do ano.

Para o diretor de pesquisa macroeconômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira, a fraqueza global do dólar “explica aproximadamente metade” da valorização do real no ano. A outra metade estaria associada a ganhos nos termos de troca, diferencial de juros e redução do prêmio de risco-país.

“Os R$ 5,33 que estimávamos para meados de agosto acabou ocorrendo em meados de setembro. A confusão das sanções e outras questões trouxeram ruídos para a tendência”, afirma Oliveira, que vê continuidade da apreciação do real nos próximos meses, com o dólar caindo para R$ 5,25 no fim de outubro.

Juros

Tanto do lado externo quanto doméstico, uma confluência de fatores trouxe os juros futuros para terreno negativo no pregão desta segunda-feira. A contração mais expressiva da atividade evidenciada pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) não chegou a antecipar apostas para o início do ciclo de flexibilização monetária, mas contribuiu para que as taxas tocassem mínimas intradia na primeira parte da sessão.

OS DIs, sobretudo nos vencimentos mais longos, ainda contaram com suporte do exterior, onde os Treasuries mostraram declínio firme, à espera da aguardada redução dos juros pelo Federal Reserve (Fed) nesta quarta-feira. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define juros no mesmo dia. Outro vetor de alívio para as taxas futuras, o real se apreciou ante o dólar no primeiro pregão da semana, movimento que tende a moderar a inflação e pode contribuir para o BC diminuir a Selic mais cedo.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) de janeiro de 2027 caiu de 14,019% no ajuste de sexta-feira para 13,995%. O DI para janeiro de 2028 recuou a 13,265%, vindo de 13,299% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2029 cedeu de 13,204% no ajuste para 13,160%, e o DI de janeiro de 2031 ficou em 13,395%, de 13,441% no ajuste antecedente.

Publicado nesta segunda-feira pelo BC, o IBC-Br de julho caiu 0,53% frente a junho, feitos os ajustes sazonais, com retração em todos os setores da economia pesquisados. A queda mensal foi mais forte do que a antecipada pela mediana do Projeções Broadcas
Economista-chefe do banco BMG, Flávio Serrano afirma que o dado de atividade pior do que o esperado não alterou a precificação da curva, que segue apontando 25% de chances de diminuição de 0,25 ponto da Selic em dezembro, ante 70% em janeiro. Os porcentuais são os mesmos de sexta-feira, assim como a taxa final apontada para 2026, de 12,75%. “Não aumentou o orçamento de cortes, mas com a taxa mais tempo parada, eles seriam mais agressivos ao longo de 2026”, explica.

Para Serrano, o IBC-Br, que funciona como um termômetro mensal para o PIB, teve influência sobre o recuo dos vencimentos mais curtos na sessão de hoje, mas o principal gatilho foi externo, o que também vale para os vértices mais distantes da curva – que chegaram a cair mais de 7 pontos-base a partir de 2030 ao longo da tarde. A ampla expectativa por um corte do juro básico americano nesta semana manteve os Treasuries em baixa, tendência que vem sendo observada nos últimos dias.

No âmbito doméstico, o fechamento em toda extensão da curva também teve suporte do câmbio, com o dólar à vista recuando 0,61% na sessão, para R$ 5,3217. Em relatório pré-Copom divulgado nesta segunda, o Itaú manteve seu cenário de que o BC vai começar a reduzir a Selic no primeiro trimestre de 2026. No entanto, a equipe econômica chefiada por Mario Mesquista reconhece que os riscos na direção de um corte ainda em 2025 subiram, o que “pode ocorrer caso se verifique uma valorização ainda mais expressiva da taxa de câmbio ou uma desaceleração mais acentuada da atividade”.

Estadão Conteúdo

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado