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Economia

Economistas ainda divergem sobre novo boom de commodities

“Desde a recuperação da crise de 2008, esse movimento tem se mantido. As altas do petróleo dão mais sinais”.

Redação Jornal de Brasília

01/03/2021 14h30

A forte escalada nos últimos meses dos preços das matérias-primas (como soja, milho, minério de ferro e cobre) levantou a discussão de que um novo ciclo de alta de cotações das commodities pode estar a caminho. Mas não há consenso entre os economistas sobre um novo boom.

“Há uma grande chance de que esteja acontecendo um novo super ciclo de commodities”, afirma Roberto Attuch, CEO da OhmResearch, plataforma de análises independentes. Essa também é a avaliação do economista André Braz, coordenador de índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

O estrategista de Comércio Exterior do Banco Ourinvest e ex-secretário nacional de Comércio Exterior, Welber Barral, também diz que o mundo já vive um novo ciclo. “Desde a recuperação da crise de 2008, esse movimento tem se mantido. As altas do petróleo dão mais sinais.”

Mais cauteloso, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, avalia o que ocorre hoje como “um mini ciclo positivo de commodities”. Já para o economista Fabio Silveira, sócio da MacroSector, o que existe é um momento de alta de preços. “É uma recuperação do tombo sofrido em 2020.”

Razões que puxaram alta das commodities

Apesar das diferentes avaliações sobre a duração da alta, isto é, se, de fato, trata-se de um novo ciclo ou não, há razões objetivas que impulsionam para cima os preços das commodities. Depois do baque na atividade provocado pela pandemia, existe uma recuperação global sincronizada das economias, diz Attuch. Além disso, ele lembra que a preocupação crescente com uma matriz energética mais limpa pode ampliar a procura de commodities minerais ligadas a essa mudança.

Gilberto Cardoso, analista da OhmResearch, acrescenta que o Fórum Econômico Mundial estima que 1,5 bilhão de pessoas vai migrar para classe média na Ásia nos próximos nove anos, com destaque para a Índia, que deve crescer entre 6,5% e 7% no período. Isso indica, na sua opinião, um grande potencial de aumento da demanda por commodities agrícolas, especialmente de proteína animal, para alimentar essa população. “O cenário é extremamente positivo para o Brasil que produz essas commodities”, diz o analista.

Também a injeção US$ 1,9 trilhão de recursos sinalizada pelo governo de Joe Biden na economia dos Estados Unidos deve impulsionar a demanda e os preços de commodities metálicas para investimentos em infraestrutura no país, concordam os economistas.

Vale, da MB, ressalta que o crescimento da China, que fechou 2020 com avanço de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) em meio à pandemia, e que deve se manter forte neste ano, somado à depreciação esperada do dólar no mercado externo por conta de políticas de estímulo dos governos podem ter impacto positivo nos preços das commodities. “Há uma saída dos fundos de posições na moeda americana para fundos de commodities, porque justamente existe um fundamento sólido no crescimento chinês”, diz o economista.

Já para Silveira, da MacroSector, o crescimento asiático tem “um pingo de razão”. Na sua avaliação, o que sustenta a alta de preços das commodities neste momento – alimentos, petróleo e minério de ferro – é a “imensa liquidez de recursos no mercado internacional”. Na falta de melhores opções de investimento, esse dinheiro acaba sendo aplicado em mercados futuros de commodities.

Estadão conteúdo

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