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Economia

Dólar sobe e Bolsa cai com Galípolo e possível fim de paralisação nos EUA no radar

Moeda americana avança após registrar menor valor em cinco meses; Bolsa recua com queda das ações da Petrobras e do petróleo, enquanto investidores avaliam cenário global e postura do Banco Central

Redação Jornal de Brasília

12/11/2025 12h44

Foto: AFP

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FOLHAPRESS

O dólar sobe nesta quarta-feira (12), com investidores atentos a um possível encerramento da paralisação do governo dos EUA e às falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, nesta manhã.

O movimento vai na contramão do registrado na véspera quando a moeda americana atingiu seu menor valor desde junho de 2024. Contaminada pelo otimismo, a Bolsa encerrou o dia com um novo recorde de fechamento, de 157.748 pontos.

Às 12h16, a moeda norte-americana avançava 0,37%, cotada a R$ 5,293 e seguindo uma tendência do exterior -o índice DXY, que mede o desempenho da divisa frente a uma cesta de seis moedas subia 0,24%. No mesmo horário, a Bolsa caía 0,52%, a 156.917 pontos.

A baixa da Bolsa durante o dia é impulsionada pela queda das ações da Petrobras, cujos papéis preferenciais caíam 2,37% pela manhã em função da queda internacional dos preços do petróleo.

Os preços futuros do petróleo Brent caíam 1,84%, para US$ 63,31 por barril, por volta de 12h10. O petróleo West Texas Intermediate dos EUA caía 1,95%, para US$ 59,10 por barril.

Segundo Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil, a queda da Bolsa reflete uma realização de lucros após os avanços recentes.

“O Ibovespa e outros índices internacionais tiveram ganhos importantes nas últimas sessões, o que uma hora ou outra, gera movimentos de ajuste com vendas e gestão de risco por parte dos investidores”, afirma.

A forte valorização da véspera refletu a disposição dos mercados globais por investimentos considerados mais arriscados. Esse movimento, apelidado de “apetite por risco” no jargão, teve início na noite de segunda-feira (10), quando o Senado dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei para reestabelecer o financiamento para agências federais.

Com 60 votos favoráveis e 40 contrários, a Casa deu o primeiro passo para encerrar a maior paralisação da história do governo norte-americano, em curso desde 1º de outubro.

Para valer, o projeto precisa ser aprovado pela Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil), controlada pelos republicanos, e receber a sanção do presidente americano, Donald Trump.

O presidente da Casa, Mike Johnson, afirmou que pretende aprová-lo até esta quarta-feira. Trump classificou o acordo para reabrir o governo como “muito bom”.

A medida prorroga o financiamento federal até 30 de janeiro, mantendo o governo no caminho de adicionar cerca de US$ 1,8 trilhão por ano à dívida pública, que já soma US$ 38 trilhões.

Para os mercados, o possível encerramento do shutdown guarda a promessa de normalização. A falta de financiamento deixou centenas de milhares de servidores em licença não remunerada, voos em atraso e, no ponto mais sensível para os operadores, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) no escuro.

A paralisação afetou a divulgação de dados econômicos essenciais para balizar as decisões de política monetária do banco central, como de inflação e de desemprego. A falta de visibilidade sobre a temperatura da economia pode impedir a continuidade do ciclo de cortes de juros -possibilidade aventada pelo presidente do Fed, Jerome Powell, em entrevista coletiva após a reunião de outubro.

Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o fim do shutdown deve permitir aos investidores melhor compreenderem a economia dos EUA. ” A paralisação prejudicou a coleta de informações econômicas pelas agências que estavam fechadas, e elas devem retomar a publicação do que for possível”, diz.

Fernanda Campolina, sócia da One Investimentos, afirma que a tendência é que, com o fim da paralisação, o Fed se sinta “mais confortável” para realizar novos cortes ainda em 2025, “o que favorece mercados emergentes como o Brasil”.

Reduções nos juros dos EUA costumam ser uma boa notícia para os mercados globais. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, também chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco.

Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.

No caso do Brasil, há ainda mais um fator que favorece os ativos domésticos: o diferencial de juros. Quando a taxa nos Estados Unidos cai e a Selic permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de juros para apostar na estratégia de “carry trade”. Isto é: toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em mercados de taxas altas, como o brasileiro.

Nesta quarta-feira, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, disse que a autarquia não apresentou em suas comunicações recentes nenhum sinal sobre o que fará com a taxa de juros no futuro, enfatizando que a política monetária seguirá dependente de dados.

“Todo mundo pode fazer a aposta que quiser, mas a gente vai continuar dizendo e fazendo as nossas reações de maneira bem clara, de que não há qualquer tipo de tergiversação sobre o que é o nosso mandato, que é perseguir a meta”, disse, durante entrevista coletiva em São Paulo.

A ata da última reunião do Copom, divulgada na terça, mostrou que o comitê está mais convicto de que a manutenção da taxa básica de juros do país em 15% por tempo “bastante prolongado” será suficiente para levar a inflação à meta.

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