FOLHAPRESS
O dólar ronda a estabilidade nesta segunda-feira (24), em meio ao aumento das apostas de corte de juros pelo Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) em dezembro.
No Brasil, investidores acompanham a repercussão política da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, realizada no último sábado (22). Participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) também está no radar.
Às 12h27, a moeda americana caía 0,07%, cotada a R$ 5,398, em linha com uma tendência do exterior. No mesmo horário, o índice DXY, que mede o desempenho da divisa frente a outras seis moedas, tinha avanço próximo da estabilidade, de 0,06%. A Bolsa, por outro lado, avançava 0,42%, a R$ 155.427 pontos.
No mercado doméstico, as atenções estão concentradas no cenário político e em agendas de autoridades.
Nesta segunda, a Primeira Turma do STF decidiu por 4 a 0 manter prisão de Bolsonaro. Moraes, relator do caso, reafirmou a sua decisão de prender Bolsonaro e defendeu que os demais ministros da turma validassem a medida -Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia seguiram o relator em seus votos.
Moraes, ao determinar a prisão, citou a violação da tornozeleira eletrônica no início da madrugada de sábado e o risco de fuga dele para a embaixada dos EUA durante uma vigília que foi convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente.
Na madrugada, o ex-presidente havia tentando romper a sua tornozeleira eletrônica com ferro de solda, como ele mesmo admitiu a agentes penitenciários. “Usei ferro quente, ferro quente aí curiosidade”, disse.
Os advogados de Jair Bolsonaro (PL) afirmaram que a prisão do ex-presidente causou “profunda perplexidade” por se basear na realização de uma “vigília de orações”. Eles não deram explicações, no entanto, sobre a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica detectada pela Polícia Federal.
Segundo Otávio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil, “o mercado financeiro doméstico permanece relativamente tranquilo frente à prisão de Bolsonaro, já que o evento foi amplamente precificado pelos investidores”.
“A maior preocupação do mercado é com as consequências eleitorais e a sucessão política à direita, questões que podem reprecificar ativos futuramente caso haja novidades relevantes”, afirma.
Ainda por aqui, investidores aguardam pela participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) no início da tarde.
A expectativa é de que a presença de Galípolo no evento traga pistas sobre o futuro da taxa básica Selic, em 15% ao ano. De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, a previsão entre economistas é de que a taxa permaneça no atual patamar em 2025, mas caía para 12% em 2026.
O diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos tem sido apontado por analistas como um fator de atração de recursos para o país, o que vem mantendo o dólar em níveis mais baixos.
No cenário internacional, o pregão continua atento à política de juros do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA). Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, 75,7% das apostas são de que o Fed deve reduzir a taxa de juros para 3,50% a 3,75%, em dezembro, ante 3,75% a 4,00%, que é a atual.
Reduções nos juros dos EUA costumam ser uma boa notícia para os mercados globais -e o oposto também é verdadeiro. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, também chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco.
Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.
O ânimo dos investidores deriva de comentários do diretor do Fed de Nova York, John Williams, na sexta-feira (21). Ele disse acreditar que as taxas de juros dos EUA poderiam cair sem colocar em risco a meta de inflação da instituição, ao mesmo tempo em que ajudaria a proteger contra uma queda no mercado de trabalho.
“Considero que a política monetária está sendo modestamente restritiva… Portanto, ainda vejo espaço para um ajuste adicional no curto prazo na faixa da meta da taxa básica para aproximar a postura da política da faixa neutra”, disse Williams.
Na quinta, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que a economia norte-americana gerou 119 mil postos de trabalho em setembro, ante projeção de 50 mil vagas de economistas ouvidos pela Reuters. O relatório é conhecido como payroll.
O órgão ainda informou que os dados de emprego de outubro e novembro serão publicados em 16 de dezembro, ou seja, após a reunião de política monetária do Fed, nos dias 9 e 10 de dezembro.
Além disso, na ata da última reunião de política monetária do Fed, divulgada na quarta-feira (19), “muitos participantes foram favoráveis à redução”, mas alguns deles também teriam ficado satisfeitos em manter a taxa básica inalterada. Ao mesmo tempo, outros se opuseram ao corte, “expressando preocupação com a estagnação do progresso em direção à meta de inflação de 2%”.
Segundo Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio, o resultado acima do esperado do payroll pode reforçar a visão de que a economia americana continua aquecida e limitar cortes.
“O payroll americano chegou acima do esperado, interrompendo uma sequência de quatro meses consecutivos em que os empregos criados ficaram abaixo de 100 mil vagas. O resultado mostra que o mercado de trabalho americano segue forte, o que aumenta os temores sobre uma pressão inflacionária”, afirma.
Para Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimento, também destaca que a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) e PCE (Núcleo de Índice de Preços), ambos agendados para quarta-feira (26). “Esses dados devem chamar a atenção do mercado por indicar de irá ou não ter um novo corte de juros em dezembro”.