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Economia

Copom entende que Selic a 10,50% é compatível com estratégia de convergência

Na mais recente reunião, da semana passada, o Copom decidiu interromper o ciclo de cortes da Selic, mantendo a taxa básica de juros em 10,5%

Redação Jornal de Brasília

25/06/2024 10h34

Foto: Divulgação/BC

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou nesta terça-feira, 25, que a manutenção da taxa Selic em 10,5% é compatível com a sua estratégia para fazer a inflação convergir a um nível “ao redor” da meta no horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. A informação consta na ata do último encontro, divulgada na manhã desta terça.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, afirma o comitê.

Na mais recente reunião, da semana passada, o Copom decidiu interromper o ciclo de cortes da Selic, mantendo a taxa básica de juros em 10,5%. Hoje, na ata, o colegiado reforçou que a combinação entre cenário global incerto, resiliência da atividade doméstica, aumento das suas projeções de inflação e desancoragem das expectativas demanda “maior cautela.”

“A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz a ata.

Eventuais ajustes futuros

O Copom reforçou, por meio da ata da sua última reunião, que eventuais ajustes futuros na Selic serão ditados pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta.” O colegiado interrompeu o ciclo de cortes na semana passada, mantendo a taxa básica de juros em 10,5%, em uma decisão unânime.

“O comitê avaliou que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz a ata.

Segundo o Copom, o comportamento do mercado de trabalho e da atividade doméstica têm surpreendido e divergido da desaceleração esperada. Isso é verdade especialmente para consumo das famílias, disse o comitê. Além disso, o aumento das expectativas de inflação também é um fator de preocupação.

“Houve nova elevação das projeções de inflação tanto para 2024 quanto para 2025, não obstante a elevação do condicionante de taxa Selic retirado da pesquisa Focus. De forma análoga, as expectativas de inflação apresentaram desancoragem adicional desde a reunião anterior”, destacou o comitê.

O Copom repetiu que o cenário externo se mantém adverso, devido à avaliação, no mercado, de que os juros dos países desenvolvidos continuarão altos por mais tempo.

Juro neutro real

A ata ainda mostrou que o Banco Central aumentou a sua estimativa de taxa de juros real neutra, de 4,5% para 4,75%. A projeção do BC estava estável desde meados do ano passado.

“Em função da incerteza intrínseca e da própria natureza da variável, o Comitê reforçou que a taxa neutra não é uma variável que deve ser atualizada em frequência alta e que tampouco deveria ter movimentos abruptos, salvo em casos excepcionais. Nesse contexto, o Comitê elevou marginalmente a hipótese de taxa de juros real neutra em seus modelos para 4,75%”, diz a ata.

Economistas do mercado financeiro vinham debatendo a possibilidade de um ajuste da taxa neutra de juros desde o início deste ano. Mesmo com o ajuste divulgado nesta terça, a estimativa do BC permanece abaixo das projeções da maior parte do mercado, que trabalha com um valor mais próximo de 5% para a variável. Alguns profissionais consideram que a taxa neutra do Brasil pode estar mais próxima de 6%.

O Copom informou que, na discussão para definir a taxa Selic, avaliou cenários com um juro real neutro de 4,5% a 5%. Também reforçou que alguns fatores podem fazer a taxa neutra subir, citando o “esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública.”

Um aumento na taxa neutra de juros, segundo o comitê, teria impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.

Hiato do produto

O Copom usou a ata da sua última reunião para antecipar uma revisão na sua estimativa de hiato do produto. Na avaliação do colegiado, o hiato agora está “em torno da neutralidade”. No último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o Banco Central estimativa um hiato levemente negativo, de -0,6%.

“O comitê avalia que o hiato do produto, que se encontrava levemente negativo na última avaliação divulgada, mas que já vinha sendo objeto de estudo utilizando diferentes métodos ao longo dos últimos meses, está agora em torno da neutralidade”, informou o Copom. A estimativa oficial deve ser informada no próximo RTI, a ser divulgado na quinta-feira, 27.

Sobre o cenário doméstico, o Copom ressaltou que diversos componentes da demanda têm crescido mais do que o esperado. O consumo doméstico tem se sustentado, diferente do cenário de desaceleração gradual previsto. Na margem, o comitê elencou surpresas em diversos setores.

“Tais surpresas concentraram-se na formação bruta de capital fixo e no consumo das famílias, sustentado primordialmente pelo mercado de trabalho, benefícios sociais e pagamentos de precatórios”, diz o Copom. “Por outro lado, há grande incerteza a respeito dos efeitos econômicos da tragédia no Rio Grande do Sul. Permanecem incertezas sobre a intensidade da queda de atividade e sua recuperação subsequente, bem como sobre a diminuição do estoque de capital, causadas pelas enchentes e inundações.”

Estadão conteúdo

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