Amanda Karolyne
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O consumo de bacalhau está em queda desde 2017, segundo a pesquisa feita pelo Ibevar FIA Business School. O mesmo estudo prevê que as vendas diminuam 40% em 2023, comparado com as vendas de cinco anos atrás.
O preço do produto é um dos fatores para essa queda acontecer, como aponta a pesquisa. Isso, somado ao aperto na renda dos consumidores. De acordo com Claudio Felisoni, presidente do Ibevar, o bombom de bacalhau subiu 150%, ao passo que, no mesmo período, o rendimento médio real encolheu para 3%.
Na Feira do Guará, no Distrito Federal, as peixarias são sempre movimentadas, mas a procura do consumidor pelas bancas de peixes aumenta na Semana Santa. De acordo com uma das vendedoras de peixe, em uma das bancas da Feira, o bacalhau lá está saindo bem. Um dos funcionários de outra banca, que preferiu não se identificar, contou que o produto está saindo bem, e que o estoque está cheio, na expectativa de vender mais nesta semana da Páscoa.
Entretanto, Graça Maria, 62 anos, aposentada, estava na banca, e contou que veio à procura de camarão e de algum peixe mais enconta. “O bacalhau nunca foi o forte lá em casa, e está muito caro”, comenta.
O casal de farmacêuticos Michelli Padua, 43, e Junio Pimenta, 45, também estavam fazendo as compras para o cardápio do feriado. “Desistimos do bacalhau”, afirma Michelli. Ela comprava antes, e conta que sente falta. “Mas está uma fortuna agora”. Junio não sente tanta falta assim, então comprar o pescado amarelo foi até melhor para ele. “Mas nós vamos inovar na receita para essa Pascoa”, finaliza Michelli.
Nem só de bacalhau é feito esse feriado
Enquanto o bacalhau vai sendo deixado de lado pela população, pelo menos 180 mil pessoas irão ao comércio do DF neste feriado para comprar ovos de chocolate e também chocolate em barras para presentear na Páscoa. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista), Sebastião Abritta, são os consumidores que têm pouco tempo disponível nos dias úteis que irão fazer compras de última hora para presentear parentes e amigos no domingo de Páscoa.
Ele acredita que as vendas este ano “podem crescer até 19%” porque as lojas estão decoradas para a data, além do que, os lojistas costumam parcelar a compra de ovos de chocolate como forma de faturar mais. “A Páscoa gera empregos e renda, sendo um bom termômetro para a economia”, salientou. Ele adiciona que em todo o Brasil a Páscoa deve fazer com que o comércio venda algo em torno de R$ 2,49 bilhões.
Além disso, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo espera que as vendas de ovos de chocolate para a Páscoa de 2023 cresçam entre 16% e 19% no comércio do Distrito Federal, contra 14% da mesma data em 2022 e 4% em 2021. Em 2020, no início da pandemia de covid-19, a expansão foi de 2%.
Lojas de maior fluxo de consumidores podem vender mais do que as especializadas em chocolate, o que justifica a diferença de 3% entre um segmento e outro.
O comércio varejista brasileiro deverá vender R$ 2,49 bilhões para a Páscoa deste ano. Este feriado representa a sexta data comemorativa mais relevante do calendário do varejo. E como o domingo de Páscoa este ano será no dia 9 de abril, todos já deverão ter recebido o pagamento do salário, o que é um fator positivo para o consumo, de acordo com Abritta.