LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou nesta segunda-feira (23) que a subsidiária BNDESPar retomará, após cerca de dez anos, investimentos em renda variável -categoria que inclui a compra de ações de empresas e aportes via fundos, sem retorno previamente definido.
O banco afirma que pretende investir até R$ 10 bilhões em companhias com iniciativas voltadas a transição ecológica, descarbonização e inovação. A promessa é focar projetos dessas áreas.
Segundo o BNDES, os recursos são provenientes da venda de participações em companhias já “maduras” e do recebimento de dividendos.
“Serão até R$ 5 bilhões em investimentos diretos -disponíveis para empresas que solicitem recursos até dezembro deste ano- e R$ 5 bilhões via fundo de investimentos”, afirmou o banco em nota.
O anúncio ocorreu durante evento de comemoração do aniversário de 73 anos do BNDES, no Rio de Janeiro.
“Após quase dez anos sem realizar novos investimentos diretos em renda variável e de um longo período focado em desinvestimentos maciços e desmobilização da carteira, fruto das gestões anteriores, o governo do presidente Lula retoma a missão da BNDESPar de desenvolver o país com o fortalecimento do mercado de capitais”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em nota.
“Temos um novo posicionamento estratégico, que busca investir na economia verde e em inovação em empresas de todos os portes”, acrescentou.
No passado, a política do BNDES de investimentos em ações de grandes companhias, conhecidas como “campeãs nacionais”, foi criticada por uma ala de economistas.
Para eles, as empresas do tipo teriam condições de buscar recursos no mercado financeiro, sem o apoio do banco público.
Em 20 de maio, o BNDES anunciou a redução da participação da BNDESPar na processadora de carnes JBS, de 20,81% para 18,18%.
Uma semana antes, o diretor financeiro e de mercado de capitais do banco, Alexandre Abreu, disse que a venda de ações envolvendo companhias “maduras”, como seria o caso da JBS, poderiam ser levadas adiante, dependendo da perspectiva dos preços.
Por outro lado, existem papéis que o BNDES não tem interesse em negociar devido a posições consideradas “estratégicas”, segundo Abreu. São os casos das participações na Petrobras e na Eletrobras, indicou o diretor em maio.
O governo Lula defende uma atuação fortalecida do banco em investimentos em diferentes setores da economia, incluindo a indústria.
A posição, contudo, é vista com ressalvas por economistas que temem um inchaço do BNDES e uma eventual reciclagem de ideias de outros mandatos do PT.
A direção do banco já rebateu as críticas em diferentes ocasiões, dizendo que aposta em áreas estratégicas, incluindo inovação e transição energética.