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Brasil

Violência de fazendeiros e garimpeiros, poluição, terras não demarcadas: entenda as ameaças denunciadas por indígenas no ATL

Durante a chegada dos indígenas até o Congresso Nacional, os manifestantes foram surpreendidos por bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta

Agência UniCeub

13/04/2025 10h52

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Foto: Mateus Peres

Por Mayara Mendes

Gritos de resistência ecoaram em busca de direitos negados. A 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) 2025, teve como tema “APIB Somos Todos Nós: Em Defesa da Constituição e da Vida”, e destacou mais uma vez a força e o empenho dos povos indígenas na defesa dos direitos garantidos pela Constituição Federal.

A marcha “A Resposta Somos Nós” marcou a segunda grande manifestação do ATL 2025, reunindo milhares de pessoas.

O evento também comemorou os 20 anos de lutas e conquistas da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), celebrando a união, a resistência e o poder transformador do movimento indígena.

Violência

Durante a chegada dos indígenas até o Congresso Nacional, os manifestantes foram surpreendidos por bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.

O protesto, que inicialmente era pacífico, foi interrompido pela reação da Polícia Militar do Distrito Federal e da Polícia Legislativa. 

Relatos e vídeos divulgados nas redes sociais mostram o uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL/MG), que estava à frente da marcha, também foi atingida pelos efeitos do gás e precisou de atendimento médico. 

Mesmo se apresentando como parlamentar, os agentes da Polícia seguiram com os atos desproporcionais de violência.

Em resposta a essa repressão, uma indígena do povo macuxi, Maria Betânia, que participava da marcha afirmou se revoltou contra a ação da PM.

“O Congresso Nacional é nossa casa. Chegar aqui e ser recebido dessa forma é injusto. Ninguém queria invadir o Congresso, apenas realizar um ato em defesa de todos aqueles que estão sofrendo nos seus territórios, sem demarcação, com invasões e violações.”

Maria Betânia veio com seu povo Macuxi e é originária do estado de Roraima. Ela disse que estar mais uma vez em Brasília tem um propósito claro.

Foto: Mayara Mendes

“Estamos aqui em mais um ATL para ecoar nossas vozes, em defesa dos nossos direitos, em defesa do que é mais sagrado para nós, os nossos territórios”.

Ela disse que o povo indígena não está bem nos seus territórios, com as invasões, com o garimpo, com a mineração, com o agronegócio.

“E assim estamos aqui, nessa única voz em defesa dos nossos direitos e também dos nossos territórios”

Echina Pataxó, do extremo sul da Bahia, compartilhou sua visão sobre os conflitos enfrentados na região Nordeste, especialmente em relação aos direitos negados, e ressaltou a importância de sua presença em Brasília, representando seu povo e suas terras.

Foto: Mayara Mendes

“As matas não podem falar por si mesmas, mas estamos aqui para falar por elas. Temos voz, e estaremos sempre presentes quando for necessário para reivindicar nossos direitos, não apenas em relação à saúde e à educação, mas também no que diz respeito aos nossos territórios”,  disse.

Echina explicou que chegou a Brasília com sua comunidade: “Viemos com uma caravana do extremo sul da Bahia, representando as mais de 30 comunidades do povo Pataxó. 

Povo Pataxó

No extremo sul da Bahia, o povo Pataxó enfrenta uma luta constante para proteger suas Terras Indígenas — Barra Velha, Barra Velha do Monte Pascoal, Comexatiba e Águas Belas — contra a violência de fazendeiros, grileiros e a repressão das forças policiais.

Em meio a essa resistência, suas lideranças clamam por justiça e pela proteção de suas terras e culturas. Echina, do povo Pataxó, destacou que a natureza é essencial para a vida e alerta que, ao destruírem as matas, os impactos não afetam apenas os povos indígenas, mas a todos.

“Neste momento, estamos vivendo um grande conflito. Para nós, do povo Pataxó e para todos os povos indígenas, é fundamental estarmos aqui em busca dos nossos direitos.

A demarcação de terras é essencial para manter nossas matas preservadas. Sabemos que o agronegócio, os fazendeiros, trazem grandes prejuízos, não só para nós indígenas, mas para todos, pois ao atingirem a mata, estão atingindo a todos, já que a natureza é vida.”

Sul da Bahia

Num trecho do relatório Violência contra os povos indígenas no Brasil, de 2023, organizado pelo Cimi. Segundo o documento, no extremo sul baiano, o povo Pataxó luta, há anos, pela conclusão da demarcação das Terras Indígenas (TIs) Comexatibá e Barra Velha do Monte Pascoal.

“Cansados de esperar por providências do Estado e sem espaço para praticar seu modo de vida tradicional, deram início a um movimento de retomada e autodemarcação de seus territórios, entre 2022 e 2021”. 

Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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