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Brasil

Vigilante diz ter sido rendida por homem armado durante roubo de obras de arte em SP

Consultores apontam falhas graves na proteção da biblioteca Mário de Andrade

Redação Jornal de Brasília

09/12/2025 17h12

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Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

PAULO EDUARDO DIAS E ANDRÉ FLEURY MORAES
FOLHAPRESS

A vigilante que estava na Biblioteca Mário de Andrade durante o roubo de obras de arte na manhã de domingo (7) prestou depoimento a policiais civis nesta terça-feira.

Ela estava acompanhada de um advogado e de representantes da empresa à qual presta serviço.

A funcionária saiu da delegacia de forma apressada e disse ter sido rendida por um homem armado. O outro ladrão teria sido o responsável por roubar os objetos, que seguem desaparecidos.

Um homem está preso. Felipe dos Santos Fernandes Quadra, 31, teve a prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça, conforme nota da defesa dele.

A polícia tenta localizar o segundo suspeito de envolvimento no roubo e assim tentar chegar em quem teria encomendado o roubo.

Segundo o consultor em segurança Alan Fernandes, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a facilidade com que criminosos entraram e saíram com as obras mostra que a Prefeitura de São Paulo subestimou riscos em torno da exposição que ocorria no local com obras do francês Henri Matisse e do brasileiro Candido Portinari.

Ele avalia que a gestão Ricardo Nunes (MDB) não considerou o valor real das produções.

“A dinâmica do roubo mostra uma fragilidade muito grande na segurança do espaço”, afirma Fernandes.
Ao render a segurança que estava no local, a dupla a levou até uma sala e a obrigou a entregar o rádio de comunicação e o celular. Enquanto isso, o segundo suspeito retirou os quadros da parede. Não houve vítimas nem relatos de tiros disparados.

Em nota, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa afirmou que “a biblioteca dispõe de equipe de vigilância e sistema de câmeras de segurança, cujas imagens foram encaminhadas às autoridades”.

Segundo a pasta, 24 pessoas trabalhavam na vigilância do local no momento do roubo.

Leiloeiros estimam que o valor total das produções atinja R$ 4,5 milhões, mas que isso não significa que os autores do crime conseguirão revendê-las a esse custo.

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa disse que todas as obras possuem apólice de seguro, mas que “obras de acervos públicos têm valor cultural, histórico e artístico, não sendo passíveis de mensuração exclusivamente econômica”.

“Para fins administrativos e de gestão de risco, as obras contam com avaliação técnica e cobertura por apólice de seguro, conforme critérios de mercado e de preservação patrimonial.”

O conjunto fazia parte do acervo municipal e integrava a exposição “Do Livro ao Museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade”, encerrada no próprio domingo. O caso é investigado pela 1ª Cerco (Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas).

A rapidez da ação sugere que o crime se deu sob encomenda, afirma o pesquisador Tadeu Chiarelli, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA-USP).

“Temos um problema muito grande no que diz respeito à venda dessas obras, sobretudo com relação às de Matisse. É um conjunto raro, no qual todo mundo vai ficar de olho”, afirma Chiarelli.

Por isso mesmo, segundo ele, “é difícil até de a pessoa colocar na sala de casa”.

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