São Paulo, 26 – O presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente e também vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Muni Lourenço, afirmou que a expectativa do setor agropecuário é de que a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) avance no tema da agricultura tropical. “Para termos reconhecimento das particularidades da agricultura tropical e de padrões adequados à agricultura tropical”, afirmou Lourenço, no evento “Agropecuária brasileira na COP30”, realizado na sede da entidade na tarde da quarta-feira, 24.
Lourenço afirmou que a CNA tem três propostas principais para a COP dentre a agenda de ação, que deve ser proposta pela Presidência da COP30. As recomendações dessa agenda atuarão como uma “NDC global”, servindo de guia para o cumprimento da meta de aumento da temperatura média do planeta em 1,5 ºC e promovendo maior alinhamento à ambição climática.
“Recomendamos a inclusão das ações da agropecuária em mitigação e adaptação, a criação de um mandato sobre agricultura tropical dentro do Acordo de Paris e o reconhecimento das ações da agricultura tropical nos resultados globais”, afirmou Lourenço.
Ele defendeu ainda o reconhecimento da agricultura como a maior provedora de soluções climáticas tanto na mitigação quanto na adaptação climática. “Os países estão trabalhando para aprovar metas globais de adaptação e nelas queremos o reconhecimento da agricultura”, afirmou Lourenço.
O vice-presidente da CNA observou que também é necessário superar o gargalo do financiamento para projetos climáticos para a implementação da ação climática em nível global. “Precisamos de financiamento climático à altura”, apontou. A CNA propõe a criação de mecanismos financeiros adequados, com condições diferenciadas de crédito, seguro climático e redução dos custos de endividamento para que o financiamento chegue diretamente aos produtores rurais e facilite a implementação de tecnologias de baixo carbono.
No evento, a CNA entregou o posicionamento do setor agropecuário brasileiro para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O documento foi entregue pelo presidente da CNA, João Martins, para o enviado especial para a Agricultura, ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, para a presidente da Embrapa, Silvia Massruha, e ao presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, senador Zequinha Marinho (Podemos-PA).
A CNA defende que os produtores rurais brasileiros sejam reconhecidos como agentes no fornecimento e na implementação de soluções climáticas para o alcance das metas brasileiras e potencialmente para as metas globais de redução de emissão de gases ligados ao efeito estufa
No posicionamento, a CNA pede que as particularidades da agricultura tropical sejam consideradas e que ganhem escala como solução imediata aos desafios do clima. A confederação pleiteia ainda que os meios para implementar medidas de mitigação e adaptação sejam suficientes para exercer o potencial do setor. Essas posições, recomenda a CNA, devem ser adotadas nas negociações.
Estadão Conteúdo