Da Redação
redacao@grupojbr.com
A turista catarinense encontrada em uma trilha de Arraial do Cabo (RJ) na última quarta-feira (21) foi morta com golpes na cabeça e no rosto, de acordo com o laudo cadavérico. Segundo o Instituto de Medicina Legal (IML) de Araruama (RJ), Fabiane Fernandes, 32, teve traumatismo crânio-encefálico e traumatismo de face motivado por ação contundente, ou seja, ocasionado por golpes com algum objeto. No local do crime, foram encontradas pedras com manchas de sangue.
Agora, o IML analisa o material recolhido da unha da vítima e tenta identificar a presença de sêmen no corpo dela para saber se houve estupro. As evidências poderão ajudar na identificação do autor do crime. De acordo com o IML, a turista foi morta quatro dias antes do exame de necropsia — no domingo (18). O corpo chegou ao instituto em estado “adiantado” de decomposição.
Pelo menos sete pessoas foram ouvidas como testemunhas no inquérito que apura as circunstâncias da morte da turista. Entre elas, está uma mulher abordada pela vítima, perto entrada da trilha, para perguntar o caminho para o mirante da Praia do Forno, um dos atrativos mais famosos de Arraial do Cabo (RJ).
Homem misterioso
Ela contou ao delegado titular da 132ª Delegacia de Polícia (Arraial do Cabo), Renato Mariano, que viu um homem perto de Fabiane, mas não soube afirmar se ele a acompanhava.
“Estamos trabalhando na coleta de informações. Essa testemunha disse que não pode dar detalhes, porque ele estava em meio a uma penumbra. Era moreno, com cerca de 1,70m de altura. Não sabemos quem é nem se estava com ela. Importante é que ela, com certeza, foi a última pessoa a ver Fabiane com vida, além do criminoso. O que pode complicar ainda mais as investigações é a possibilidade de o assassino ser outro turista, já que ela foi morta no fim de semana e a cidade estava cheia por causa do feriadão”, explicou o delegado.
Outra testemunha ouvida no inquérito foi Cassius Machado, quem motivou a ida de Fabiane para Arraial do Cabo. Segundo o delegado, ele mora em Porto Alegre. “Foi ele quem comunicou o desaparecimento de Fabiane ao Corpo de Bombeiros. Ele contou que era amigo dela e que, em conversas pelo aplicativo Instagram, a mulher viu fotos de Arraial do Cabo e quis muito conhecer a cidade”, narra.
“Por volta das 10h do domingo, Fabiane enviou uma mensagem pelo WhatsApp perguntando a ele como pedir um Uber na cidade, mas ele disse que só foi ver por volta das 14h daquele dia. Ele mandou mensagens de volta, mas ela não visualizou. Por volta das 19h30 ele telefonou, mas Fabiane não atendeu”, detalha o delegado.

Foto: Reprodução/Facebook
Testemunhas contam detalhes
No sábado, entre o meio-dia e as 13h, Fabiane esteve no Méditerranée Hotel, localizado na Prainha, perto do acesso à trilha. Imagens de câmeras de segurança mostram a turista sendo recebida por funcionários e visitando um dos quartos, com a intenção de se hospedar. Fabiane chegou a se cadastrar na recepção, mas recebeu um telefonema e, ao desligar, cancelou a hospedagem. A justificativa dada foi que o namorado teria conseguido um lugar mais barato.
Iago Patrick, 21, funcionário de um posto de combustíveis perto da Prainha, conversou com Fabiane na noite de sábado (17), poucas horas antes do crime. Ele disse que ela perguntou onde ficava o caixa eletrônico mais próximo.
“Expliquei onde era, mas no meio do caminho acho que ela desistiu e voltou. Pediu uma bebida alcoólica. Eu servi e ficamos conversando. Perguntou meu nome, se eu tinha namorada. Depois trocamos telefone e ela foi embora. Uma pessoa simpática”, contou.

Foto: Reprodução/Facebook
Urubus
Fabiane foi encontrada morta, com sinais de ferimentos que aparentam ter sido provocados por pedradas na cabeça. O corpo foi localizado por uma das sete testemunhas: um vigia que atuou como voluntário na busca.
“Ele disse que viu, perto da trilha da Prainha, muitos urubus sobrevoando. Notou que ali poderia estar algum animal morto. Seguiu pela trilha, tentando se orientar pelos urubus, até que achou o corpo, no meio da vegetação. Já havia fauna cadavérica [larvas], o que indica que o corpo já estava lá há um certo tempo”, conta o delegado Renato Mariano.
Outra testemunha disse ao delegado que acha a trilha perigosa. “E que costuma alertar turistas que se aproximam da trilha sobre o risco que correm. Até mesmo tenta dissuadi-los do passeio. Nos últimos cinco anos, tivemos pelo menos três casos de estupro seguidos de morte na cidade”, indica Mariano.
“No caso de assalto, soubemos que houve um naquela trilha, do outro lado da Praia do Forno, há cerca de um ano. Um casal foi assaltado e o rapaz foi ferido com um tiro. Certamente pode haver subnotificações, já que muita gente que fica sem um aparelho celular, por exemplo, deixa de registrar o roubo na delegacia”, explica Mariano.
Translado
Um amigo da família de Fabiana Fernandes está na Região dos Lagos para fazer o translado do corpo. Ele contou que a família tem poucos recursos financeiros. Eles buscam ajuda de autoridades públicas para levar o corpo para o sepultamento em Florianópolis (SC).
Com informações do portal Extra