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Brasil

Restos mortais de Antoninho, candidato a santo, chegam a São José dos Campos (SP)

De acordo com o autor do processo de Beatificação e Canonização do menino, essa é uma vitória para a preservação da história do candidato

FolhaPress

19/10/2021 21h21

Foto: Divulgação

Alexandre de Aquino
SÃO PAULO, SP

Os restos mortais do menino Antoninho da Rocha Marmo, que está em processo de canonização na Igreja Católica em Roma, chegaram nesta terça-feira (19) na Capela de Nossa Senhora da Saúde, no Hospital Antoninho da Rocha Marmo, em São José dos Campos.

Antes da transferência, Antoninho estava no cemitério da Consolação, na região central de São Paulo. De acordo com o advogado Alfredo Camargo Penteado Neto, autor do processo de Beatificação e Canonização do menino, essa é uma vitória para a preservação da história do candidato a santo.

“Agora ele tem o lugar onde a história dele pode ser contada. No cemitério da Consolação, você tinha simplesmente a imagem dele no mausoléu e ficava ali rezando, mas não tinha informação nenhuma”, afirma o advogado. Ele também diz que não havia como garantir a preservação do jazigo. “As placas colocadas referente as graças recebidas acabavam sendo arrancadas”, completa.

Segundo a irmã Alessandra Nogueira, administradora do hospital, a mudança para um local específico é uma vitória ainda maior na luta para torná-lo santo. “A gente até pensava que isso aconteceria em um futuro distante. As relíquias, em geral, são encaminhadas para capela ou igreja, mas não imaginava que poderia ser agora”, disse.

O dia foi todo especial para os devotos de Antoninho. Na parte da manhã, houve a exumação dos restos do menino para que fosse levado até a cidade do interior paulista. Por volta das 14h, ele, enfim, chegou ao local, que ele mesmo ajudou a idealizar. Foi preparado um cerimonial, onde o sacerdote da capela realizou a bênção do jazigo. Um menino também se vestiu de Antoninho e carregou o quadro com a imagem de Nossa Senhora da Saúde e que pertencia a Antoninho. A imagem, inclusive, está no memorial inaugurado em 2016, ao lado da capela, que conta com vários outros objetos que fizeram parte da vida do garoto.

Seus restos mortais foram guardados em um jazigo dentro da Capela de Nossa Senhora da Saúde. O local permanecerá aberto para a visitação dos devotos e daqueles que queiram pedir a intercessão do menino. “Estava um clima de tanta oração, tanta paz, só Deus mesmo para proporcionar isso. Tocou muitos corações”, disse a irmã Alessandra Nogueira.

O médico Newton Tomio, 64 anos, conta ter sido um dos que recebeu um milagre das mãos do menino. “Sou médico há 40 anos. Quando estava no auge da minha carreira, formado, especializado e trabalhando contrai hepatite C durante um acidente em um ato cirúrgico”, afirma Newton.

Por causa da doença, ele ficou de cama. Sem melhorar, viu sua mulher, em um ato de desespero, visitar o túmulo de Antoninho no cemitério da consolação e fazer uma promessa em troca de sua cura. “É então que a minha cura acontece. E tenho certeza absoluta como médico de que essa cura foi obra do milagre do Antoninho porque meus exames laboratoriais se normalizaram completamente”, explica Tomio.

Segundo o médico, seu exame de sorologia, que habitualmente deixa uma cicatriz para o resto da vida, deu negativo. “Não há qualquer rastro ou resíduo de que eu tenha tido uma hepatite C”, revela. “Para mim é um guia, um mentor. Ele me protege”, finaliza.

Antoninho da Rocha Marmo nasceu em São Paulo, em 19 de outubro de 1918. Seu contato com São José dos Campos aconteceu quando ele se tratava de uma tuberculose. A cidade era conhecida por ser um centro de atendimento aos doentes na época. Preocupado com a situação das crianças pobres, o menino idealizou a construção de um sanatório para atendê-las.

Não foi possível, contudo, ver sua ideia sair do papel. Aos 12 anos, Antoninho morreu por causa da doença no dia 21 de dezembro de 1930. A vontade de dedicar um local para os doentes, contudo, foi tirada do papel por sua mãe e um grupo de benfeitores. O sanatório foi inaugurado em 13 de dezembro de 1952.

A administração do local passou a ser da madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico, fundadora da Congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, que também se encontra em processo de canonização, e já realizava um trabalho de assistência aos doentes de tuberculose da cidade.

O advogado Alfredo Camargo Penteado Neto explica como começou a ideia de iniciar o processo. “Todo devoto fica esperando que aquele de quem ele é devoto seja um dia declarado santo. Então é onde tudo começa”, explica. “Desde que minha memória possa alcançar, eu me lembro da figura dele [Antoninho] na cabeceira da minha cama e minha mãe [Daisy] me dizendo sempre: ‘esse é o seu protetor'”, recorda.

De acordo com o advogado, após verificar que não havia nenhum processo em andamento para que o menino se tornasse santo, ele resolveu agir. “Um dia eu estava em Portugal e pensei em ir para Roma. Falei: ‘vou preparar uma petição inicial do jeito que eu acho e vou dar entrada aqui no Vaticano, em Roma'”, explica o advogado.

Segundo ele, a petição estava errada, mas uma carta enviada pelo prefeito da causa dos santos, autoridade máxima nessa área, fez com que ele pudesse se orientar para dar continuidade no processo de forma correta. Foi com este instrumento em mãos, que Alfredo, então, preparou um material mais substancioso. E foi após uma reunião com o cardeal brasileiro Dom Odilo Scherer, que ele recebeu de forma formal a nomeação de autor do procedimento.

O processo de beatificação e canonização de Antoninho da Rocha Marmo foi acolhido pela Igreja Católica em 2007 e encontra-se atualmente em Roma, na Congregação para as Causas dos Santos. O menino recebeu o título de Servo de Deus. Atualmente está sendo elaborado a “Positio”, fase do processo que tem por principal objetivo a avaliação das virtudes do Servo de Deus e de sua fama de santidade.

Visitação à Capela e ao Memorial de Antoninho
De segunda a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 17h.
Visitas nos finais de semana devem ser agendas pelo telefone 12 3797-0777
Av. Heitor Villa Lobos, 1.961 – Jardim Renata – São José dos Campos (SP)

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