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Brasil

Regeneração da mata atlântica cresce em 30 anos, mas 22% das áreas voltam a ser desmatadas

Desse total, cerca de 3,8 milhões de hectares (78%) permanecem de pé, a chamada recuperação persistente

Redação Jornal de Brasília

28/10/2025 9h18

Foto: Douglas Magno/SOS Mata Atlântica/Divulgação

Foto: Douglas Magno/SOS Mata Atlântica/Divulgação

JORGE ABREU
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Na mata atlântica, 4,9 milhões de hectares de vegetação foram regenerados de 1993 a 2022, conforme um estudo divulgado nesta segunda-feira (27). A área, que leva em consideração floresta, mangue e restinga arbórea, é maior que o estado do Rio de Janeiro.

Desse total, cerca de 3,8 milhões de hectares (78%) permanecem de pé, a chamada recuperação persistente. Por outro lado, 1,1 milhão de hectares (22%) das áreas recuperadas voltaram a ser desmatados.

O levantamento é baseado em dados do Mapbiomas, analisados pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Centro de Ciência para o Desenvolvimento (CCD), com apoio de iCS, Fapesp, Ipê, Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, The Nature Conservancy (TNC) e WWF Brasil.

Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica, atribui o resultado ao Código Florestal, de 2012, que diz que porções que já foram desmatadas precisam ser recuperadas, principalmente as áreas de preservação permanentes (APPs) e reservas legais.

“É importante lembrar que a mata atlântica é o bioma brasileiro mais desmatado e mais destruído ao longo da nossa história, só sobrou 24% da cobertura florestal hoje”, destaca.

Ele ressalta também que grande parte da regeneração ocorreu em terras privadas e tem como protagonistas pequenos produtores rurais, responsáveis por 45% dessas áreas. A vegetação voltou a crescer nas bordas das lavouras, nas margens dos rios e nas encostas íngremes, onde o uso agrícola é limitado, de maneira natural ou por meio de plantios.

“A mata atlântica é fundamental para garantir água, para a regulação climática, para a produção de energia elétrica. O bioma é essencial para 50% de produção de alimentos, e essa comida depende da floresta, seja para polinização ou para controle de pragas e doenças”, explica.

Segundo o estudo, Minas Gerais e Paraná lideram o ranking regeneração persistente, com mais de 900 mil hectares cada um. Esses mesmos estados também registram a chamada regeneração efêmera, com 263 mil hectares e 192 mil hectares, respectivamente.

O estudo mostra ainda que São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo já apresentam um saldo positivo de cobertura nativa. A área de floresta que volta a crescer nesses estados supera a que é perdida.

Esse processo contribui para o equilíbrio climático. O estudo estima que as florestas regeneradas acumularam 98 milhões de toneladas de carbono de 1993 a 2022. Porém, as áreas desmatadas após a regeneração resultaram na emissão de 22 milhões de toneladas.

De acordo com o Mapbiomas, a mata atlântica perdeu 2,4 milhões de hectares de florestas nas últimas quatro décadas. Apesar da queda no ritmo do desmatamento de 1985 a 2024, os últimos cinco anos apresentaram uma média anual de perda de 190 mil hectares de floresta.

Cerca de 50% do desmatamento em 2024 aconteceu em florestas maduras (com mais de 40 anos), que carregam grande parte da biodiversidade, estoque de carbono e são as principais responsáveis pelos serviços ecossistêmicos desempenhados pelo bioma.

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