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Brasil

Redução de mortes por rotavírus no Brasil

Arquivo Geral

24/04/2011 10h06

 

 

 A redução em 22% do número de crianças menores de cinco anos mortas no Brasil por rotavírus foi o prêmio por uma decisão pioneira do Governo de adotar em 2006 a imunização contra a doença por meio de uma vacina até então não recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

 

“Na época, o Brasil decidiu apostar na vacina após fechar um acordo com o fabricante para produção no país, e agora estamos colhendo os frutos”, disse à Agência Efe Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

 

O funcionário classificou como um prêmio à iniciativa pioneira do Brasil a publicação nesta semana na revista científica internacional “PLoS Medicine” de um artigo detalhando a redução significativa no número de mortes e hospitalizações de crianças por diarreia no país desde que o Governo adotou a vacina.

 

A campanha de vacinação gratuita contra o rotavírus foi implantada em 2006, apesar de na época alguns especialistas classificarem seu uso como precipitado, e desde então o número de mortes de crianças por diarreia aguda caiu em 22% e o de hospitalizações por essa doença, em 17%.

 

O artigo da “PLos Medicine”, assinado por especialistas do Ministério da Saúde do Brasil, da Organização Pan-americana de Saúde e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, comparou as mortes de crianças por diarreia entre 2002 e 2005, três anos antes do início da vacinação, e entre 2007 e 2009, os três anos seguintes.

 

Pelo artigo, a vacinação evitou nesse período 1,5 mil mortes e 130 mil internações no Brasil por diarreia, a segunda causa de óbitos em crianças no país.

 

O artigo foi o primeiro no mundo a avaliar a eficácia da vacina Rotarix em sua aplicação na vida real, fora de testes clínicos.

 

O rotavírus é a principal causa de diarreia em crianças no mundo todo e afeta menores sem distinção de classe social ou país, embora a maioria das mortes ocorra em nações em desenvolvimento.

Este vírus é considerado como o responsável por 30% das 1,3 milhão de mortes de crianças menores de cinco anos por diarreia no mundo ao ano.

 

Barbosa explicou que quando o Brasil decidiu usar a vacina desenvolvida pelo grupo farmacêutico britânico GlaxoSmithKline (GSK) estava em fase de testes clínicos (com humanos), ainda sem a recomendada da OMS e desaconselhada por alguns pediatras.

 

“Optamos pela vacinação porque tínhamos evidências de que era eficiente e segura”, afirma o secretário ao relatar que na época os dois únicos países da América Latina que apostaram no produto foram Brasil e México, aos quais depois se seguiram Panamá, El Salvador e Venezuela.

 

A imunização com a vacina da GSK já foi implantada em outros países da região, mas os resultados ainda não foram divulgados.

 

Segundo o funcionário, as dúvidas nos demais países diziam respeito ao fato de que poucos anos antes, uma vacina que igualmente parecia ser eficaz contra o rotavírus foi desaconselhada mundialmente devido à comprovação de alguns casos de efeitos colaterais graves.

 

“Todos os estudos clínicos da nova vacina, tanto em países europeus quanto em latino-americanos, demonstraram sua eficácia. Os testes mostravam que era altamente eficaz principalmente na redução das formas mais graves de diarreia por rotavírus, as que provocam a hospitalização e a morte”, segundo Barbosa.

 

“Os resultados positivos da campanha de vacinação são especialmente importantes porque também reduziram as mortes em regiões onde as condições sanitárias ainda não são as ideais”, acrescentou o secretário ao admitir que o saneamento básico continua sendo a medida preventiva mais eficaz contra o rotavírus no mundo todo.

 

Barbosa revelou que a adoção da vacina no Brasil também foi possível graças ao acordo de transferência de tecnologia que o Governo brasileiro assinou com a GlaxoSmithKline em 2005 para reduzir o preço e produzir no país.

 

“É uma vacina que não é barata. As clínicas privadas que a aplicavam no Brasil cobravam entre US$ 100 e US$ 150 a dose. Agora estamos produzindo ao preço de US$ 7 a dose (a imunização exige a aplicação de duas doses em cada criança)”, disse.

 

Barbosa acrescentou que o acordo de transferência de tecnologia permitirá que o Brasil produza a vacina no país em três anos, quando dominará totalmente o processo.

 

A vacina usada atualmente no país é produzida no laboratório estatal Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, com matéria-prima importada.

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