SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O estado de São Paulo registrou, desde junho deste ano, casos de intoxicação de pessoas por metanol, uma substância tóxica capaz de causar cegueira e morte. As vítimas intoxicadas são adultos de 23 a 58 anos, moradores da capital e da Grande São Paulo.
Segundo o secretário estadual da Saúde, Eleuses Paiva, até o momento há 22 casos envolvendo a contaminação por metanol, sendo sete confirmados e 15 em investigação. Cinco desses casos resultaram em mortes, a causa de quatro está sob investigação e há a confirmação de que apenas uma delas tenha sido após a ingestão de bebida adulterada. Saiba quem são algumas dessas vítimas:
Marcelo Macedo Lombardi, 45, foi um dos que morreram por intoxicação com metanol na Grande São Paulo. Ele era advogado e morava em São Bernardo do Campo. Ele começou a sentir os primeiros sintomas na sexta-feira (26) e deu entrada no Hospital São Bernardo no sábado (27) enxergando apenas clarões de luz, segundo a irmã.
Marcelo morreu no domingo (28), por volta das 15h, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória.
A Polícia Civil investiga também a morte de dois adultos de 54 e 58 anos, na capital paulista e em São Bernardo do Campo, que não são conhecidos
A intoxicação de um grupo de cinco amigos do bairro de Cidade Dutra, na zona sul de São Paulo, com idade entre 23 e 27 anos, também é investigada. No final de agosto, eles consumiram uma garrafa de gim e, no dia seguinte, quatro dos cinco apresentaram sintomas de intoxicação e foram hospitalizados.
Rafael dos Anjos, 27, técnico de manutenção de elevadores, é o único que segue internado em um hospital de Osasco (Grande São Paulo). Ele perdeu a visão no dia seguinte ao encontro com os amigos, apresentou quadro de consciência rebaixada e precisou receber ventilação mecânica no hospital para respirar. Ao ser hospitalizado, entrou em coma.
No dia 2 de setembro, a tia dessa vítima e a mãe de uma jovem de 25 anos foram à 48ª Delegacia de Polícia (Cidade Dutra) e contaram que seus respectivos sobrinho e filha haviam recebido diagnóstico de intoxicação por metanol.
O jovem passou por tratamento para desintoxicação sanguínea, fazendo sessões de hemodiálise. Seu estado de saúde é praticamente vegetativo, segundo um familiar ouvido pela Folha de S.Paulo.
Diogo Marques, uma das vítimas desse grupo de amigos, também teve cegueira temporária. Em entrevista ao Fantástico, ele relatou que acordou, abriu os olhos e estava tudo preto. Ele sobreviveu, mas ficou internado durante três dias e exames confirmaram a presença de metanol em seu sangue.
Karolaine dos Santos, também do grupo de amigos, foi internada durante três dias e teve metanol identificado no sangue. Ao jornal O Globo, ela contou que acordou no dia seguinte da reunião com os amigos com muita dor de cabeça tontura e sensação de ainda estar bêbada, contou ao O Globo.
A designer de interiores Rhadarani Domingos perdeu a visão após ser intoxicada. Em entrevista ao Fantástico, ela disse ter tomado três caipirinhas de frutas vermelhas com maracujá e vodca em um bar da Alameda Lorena, no bairro Jardins, bairro nobre da capital paulista, no último dia 19.
“Causou um estrago muito grande. Não estou enxergando nada”, disse ela, que está internada. “Não senti nenhum gosto diferente [na bebida]”, acrescentou.
O bar onde Rhadarani teria sido intoxicada por metanol, identificado como Ministrão, foi alvo de operação da Polícia Civil e o CVS (Centro de Vigilância Sanitária) do Estado de São Paulo, em parceria com a Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) da capital, na segunda-feira (29), quando foram apreendidas 100 garrafas de destilados. Nesta terça-feira (30), a Covisa interditou o bar até que as amostras sejam analisadas no laboratório da polícia.
SINTOMAS DE INTOXICAÇÃO
Tontura, moleza, sonolência e sensação de relaxamento estão entre os primeiros sintomas da intoxicação por ingestão de bebida alcoólica misturada ao metanol.
Os primeiros sinais podem aparecer até seis horas após a ingestão e incluem tontura, sonolência, relaxamento e sintomas semelhantes a uma ressaca, podendo evoluir para insuficiência respiratória, náuseas, vômitos, dor de cabeça, confusão mental, taquicardia, queda de pressão e dificuldade de coordenação motora.
Entre seis e 24 horas após o consumo, a intoxicação pode afetar a visão, provocando turvação, sensibilidade à luz, dilatação da pupila e perda das cores. O quadro pode se agravar com convulsões, insuficiência renal, pancreatite, choque e até falência de múltiplos órgãos.