A porcentagem da população brasileira com sobrepeso subiu de 42,7% em 2006 para 48,1% em 2010, enquanto a parcela de obesos aumentou de 11,4% a 15% no mesmo período, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério da Saúde.
De acordo com o estudo “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico” (Vigitel), a situação é pior entre os homens, dos quais 52,1% têm sobrepeso, enquanto nas mulheres esse índice é de 44,3%. No estudo de 2006, 47,2% dos homens e 38,5% das mulheres tinham sobrepeso.
Embora o problema seja maior entre os homens, a situação torna-se mais grave entre as mulheres de menor escolaridade.
O estudo, realizado pelo quinto ano consecutivo pelo Ministério, foi elaborado mediante entrevistas telefônicas com 54.339 adultos nas 27 capitais do país.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Jarbas Barbosa, afirmou que, no atual ritmo, o Brasil atingirá em 13 anos os níveis de sobrepeso e obesidade dos Estados Unidos, onde o problema já é considerado uma epidemia.
“É um sinal de preocupação”, destacou Barbosa. Segundo ele, o excesso de peso está vinculado ao aumento das doenças crônicas.
Deborah Malta, coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, atribuiu à má qualidade da alimentação o aumento de quase um ponto percentual por ano da quantidade de brasileiros com sobrepeso e de 0,5 ponto percentual a de obesos.
Segundo ela, o aumento de peso entre a população brasileira é consequência de um maior consumo de produtos industrializados em substituição de alimentos naturais mais saudáveis, como frutas e legumes.
De acordo com o estudo, a porcentagem de brasileiros que consome feijão cinco vezes por semana caiu de 71,9% para 66,7% nos últimos quatro anos.
A porcentagem de brasileiros que consome cinco porções diárias (400 gramas) de frutas e hortaliças, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS), é de apenas 18,2%.
O estudo destaca que o sobrepeso também é causado pela vida cada vez mais sedentária dos brasileiros. Exemplo disso é que 14,2% dos entrevistados admitiram não praticar nenhuma atividade física nem em suas horas de intervalo nem quando se deslocam de casa ao trabalho.
Apenas 14,9% dos entrevistados disseram realizar práticas esportivas em seu tempo livre. Por outro lado, 30,2% dos homens e 26,5% das mulheres dizem assistir televisão mais de três vezes ao dia.
Outro dado preocupante foi que a porcentagem de brasileiros que admitem beber álcool em excesso (cinco ou mais doses na mesma ocasião em um mês) subiu de 16,2% em 2006 para 18,0% em 2010.
Esse problema também é maior entre os homens, com um aumento de 25,5% em 2006 para 26,8% em 2010, enquanto entre as mulheres, cuja taxa subiu de 8,2% para 10,6% no mesmo período.
Por outro lado, houve redução da porcentagem de brasileiros que fumam, de 16,2% em 2006 para 15,1% em 2010. Entre os homens, essa proporção caiu de 20,2% para 17,9%, e entre as mulheres se manteve estável, em 12,7%.