Menu
Brasil

Polícia prende suspeito de envolvimento no sumiço de crianças de Belford Roxo

Um deles é por envolvimento na tortura de um homem apontado injustamente como o responsável pelo sumiço dos garotos

FolhaPress

15/10/2021 19h22

Marcela Lemos
RIO DE JANEIRO, RJ

A Polícia Civil do Rio prendeu um traficante suspeito de envolvimento no caso do desaparecimento dos três meninos de Belford Roxo, em dezembro no ano passado, nesta quinta-feira (14). Anderson Luís da Silva, 31, conhecido como Bambam, tinha dois mandados de prisão em aberto contra ele.

Um deles é por envolvimento na tortura de um homem apontado injustamente como o responsável pelo sumiço dos garotos. Segundo as investigações, criminosos ordenaram a entrega do morador da comunidade do Castelar à polícia para atrapalhar a apuração do caso.

O fato ocorreu em janeiro deste ano -menos de um mês após o desaparecimento de Lucas Matheus, Alexandre da Silva e Fernando Henrique. A reportagem identificou a defesa do acusado, mas ainda não conseguiu contato por telefone para um posicionamento sobre a prisão.

“Ele [Bambam] é gerente geral da comunidade do Rola Bosta, que pertence ao Complexo do Castelar, e é apontado pela DHBF [Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, responsável pela investigação] como um dos autores da tortura”, afirmou o delegado da 54ª DP (Belford Roxo), José Salomão Omena, à reportagem.

A ação que resultou na prisão do traficante ocorreu em conjunto com a Polícia Militar. Bambam foi preso na rodovia Presidente Dutra, que faz a ligação entre Rio de Janeiro e São Paulo. Ele havia saído da comunidade do Rola Bosta e seguia para o Complexo da Penha, na zona norte da capital, para participar de uma reunião da cúpula do CV (Comando Vermelho).

“O criminoso vinha sendo monitorado direto e ontem [quinta] foi interceptado em um veículo acionado por aplicativo. Ele foi abordado pelas equipes na pista sentido Rio de Janeiro e não resistiu a prisão”, concluiu o delegado. Bambam e outros seis traficantes se tornaram réus no caso de tortura contra o morador do Castelar. A vítima precisou deixar a comunidade após a polícia afirmar que ele não tinha envolvimento com o sumiço dos meninos.

Em agosto, a DHBF informou pela primeira vez que investigava a morte das crianças pelo tráfico de drogas. Antes, a especializada dizia apenas que apurava o envolvimento do tráfico no caso. Hoje a polícia investiga uma série de mortes de integrantes do CV que podem ter relação com o assassinato dos garotos. A DHBF apura se a morte de dois traficantes e o desaparecimento de outros três ocorreram como punição pelo desaparecimento.

Quatro desses cinco crimes ocorreram recentemente e foram cometidos contra Willer da Silva, conhecido como Stala, que teria sido executado no Complexo da Penha, Jose Carlos Prazeres da Silva, chamado de Piranha, chefe do tráfico do Castelar, que também teria sido executado a tiros, Leandro Alves de Oliveira, o Farol, gerente do tráfico dos Castelar, cujo corpo pode ter sido carbonizado, e Ana Paula da Rosa Costa, responsável pelo tráfico no Castelar.

Além disso, um homem identificado como Guil, que é irmão da Ana Paula, também teria sido, assim como ela, carbonizado. Lucas, Alexandre e Fernando desapareceram no dia 27 de dezembro do ano passado, após saírem de casa para brincar em um campo de futebol na comunidade do Castelar, onde moravam.

Segundo testemunhas, as crianças foram vistas na feira de Areia Branca -a 3 km de casa. Desde o início da apuração, a linha de investigação mais forte da DHBF apontava que o trio havia sido capturado devido ao furto de um passarinho de um traficante. Dez meses após o desaparecimento, a Polícia Civil tem a certeza de que os garotos foram mortos pelo tráfico. O inquérito que apura o desaparecimento está em fase de conclusão e deve ser finalizado até o final do ano.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado