FOLHAPRESS
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul pediu o indiciamento do advogado Conrado Paulino da Rosa, ex-professor da Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), por crimes sexuais.
A investigação ouviu 18 testemunhas, que acusam Conrado de crimes como estupro de vulnerável, violência psicológica e possíveis abusos facilitados pelo uso de substâncias químicas. Entre as denunciantes estão ex-alunas e colegas de trabalho do advogado. Os casos teriam ocorrido entre 2013 e 2025.
A defesa de Conrado foi procurada, mas não se manifestou sobre o indiciamento até a publicação. Em outras ocasiões, seus representantes afirmaram ter convição da “inexistência de fatos penalmente relevantes”.
Também foram ouvidas 16 testemunhas nos três meses de trabalho investigativo, além de perícias e exames médicos. Segundo a Polícia Civil, uma 19ª suposta vítima não quis prestar depoimento.
Após a investigação vir a público no dia 19 de setembro, o número de denunciantes, que era cinco, subiu para 13 em menos de uma semana. Conrado foi desligado da FMP e passou a cumprir medidas cautelares impostas pela Justiça, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de contato com as vítimas e restrições de saída durante a noite.
No dia 26 de setembro, Conrado foi preso preventivamente após a delegada do caso, Fernanda Campos Hablich, afirmar que percebeu que as denunciantes tinham medo de prestar depoimento devido ao temor de represálias por parte de Conrado.
Ele foi liberado da Penitenciária Estadual de Canoas no dia 21 de outubro, voltando a usar tornozeleira eletrônica.
Segundo a delegada, os depoimentos indicam que ele se aproveitava da confiança estabelecida no ambiente profissional e acadêmico para praticar os abusos.
“Não houve relato de uma pressão explícita, mas havia o medo de sofrer prejuízos na carreira caso não aceitassem as investidas”, disse Fernanda na época.
Os relatos incluem episódios de sexo violento, abuso sexual e violência psicológica, com comentários desmoralizantes direcionados à vida profissional e intelectual das mulheres.
Algumas denunciantes também mencionaram episódios de sonolência repentina e apagões de memória, atribuídos a supostos suplementos e medicamentos oferecidos por ele.
O pedido de prisão foi classificado como desproporcional pela defesa do advogado, que também alegou dificuldades para consultar os autos do inquérito.
A defesa também disse que exames toxicológicos realizados nos medicamentos apreendidos durante uma busca na casa de Conrado apresentaram resultados negativos, assim como uma perícia toxicológica capilar.