ALÉXIA SOUSA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A Polícia Civil do Rio de Janeiro apura a morte de Michel Oliveira Fortes, 21, morto a tiros na madrugada desta segunda-feira (5) durante um confronto entre facções rivais no Complexo da Pedreira, na zona norte da capital fluminense.
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Segundo familiares, Michel era marceneiro e morreu cinco dias depois da morte do irmão também durante um tiroteio entre traficantes em região próxima, na estrada do Camboatá, em Barros Filho. O barbeiro Fábio Oliveira Fortes, 25, foi baleado e morto na última quinta-feira (1º).
As duas mortes são investigadas pela Delegacia de Homicídios. A polícia apura a relação com a disputa entre o Terceiro Comando Puro, que controla a Pedreira, e o Comando Vermelho, que domina o vizinho Complexo do Chapadão.
Moradores da região relatam que a violência se intensificou com confrontos frequentes entre traficantes.
Segundo testemunhas, Michel estava próximo à estação de trem, na localidade do Bairro 13, na Pedreira, quando foi baleado. Ele chegou a ser levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Costa Barros, mas não resistiu aos ferimentos.
De acordo com a Polícia Militar, equipes do 41º BPM (Irajá) atuava na região para reprimir a atuação do crime organizado. Além de Michel, duas pessoas ficaram feridas no confronto desta segunda, mas a identidade e o estado de saúde delas não foram divulgados.
Um policial militar também foi atingido por estilhaços. O agente recebeu atendimento e passa bem, segundo a corporação.
Familiares e amigos afirmam que os irmãos Michel e Fábio cresceram na região e eram trabalhadores. Nas redes sociais, Michel publicava vídeos em que aparecia trabalhando como marceneiro. Fábio atuava como barbeiro no bairro.
“Fabinho cresceu comigo, numa realidade extremamente difícil. O que sei é que ele sempre foi trabalhador”, escreveu nas redes sociais o suplente de vereador Sergio Benfica Junior, o Serginho Legado (Podemos), presidente da Associação de Moradores de Bento Ribeiro.
“Minha mãe adotou duas crianças dessa mesma família. O Michel, que agora também nos deixou, foi registrado por ela. A conexão entre nós é profunda, é de vida”, completou.
“Quantas vezes conversamos em sair desse lugar? Muitas… E hoje todos nós estamos chorando novamente por uma perda. Quinta-feira recebi a notícia do seu irmão, e hoje pela madrugada você. […] Vi você crescendo se tornando um homem, pai de uma menina linda.
Chegou ao fim, e pergunto por quê?”, escreveu um parente de Michel nas redes sociais.
Na quinta-feira, moradores chegaram a fazer um protesto contra a morte de Fábio. A estrada do Camboatá, uma das principais vias de Barros Filho, foi bloqueada com barricadas e fogo. Alguns manifestantes se sentaram no meio da pista segurando cartazes com pedidos de paz.