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Brasil

PF conclui que General Girão estimulou atos golpistas

O delegado federal Víctor Emmanuel Menezes, responsável pela investigação, enviou na quarta-feira, 18, o relatório final do inquérito ao STF

Redação Jornal de Brasília

20/10/2023 23h33

Foto: Agência Câmara

São Paulo, 20 – A Polícia Federal (PF) concluiu que o deputado bolsonarista General Girão (PL-RN) estimulou os atos golpistas do dia 8 de janeiro ao usar as redes sociais para atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), para levantar suspeitas sobre a segurança das urnas e para defender uma intervenção das Forças Armadas.

O delegado federal Víctor Emmanuel Menezes, responsável pela investigação, enviou na quarta-feira, 18, o relatório final do inquérito ao STF. Ele concluiu que os crimes estão comprovados.

“Fica clara a continuidade da conduta do representado de acusar a existência de fraude no processo eleitoral e a desonestidade do Poder Judiciário e seus membros, de modo a incitar seus seguidores a protestar por intervenção das Forças Armadas”, diz o relatório.

Cabe ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, decidir os próximos passos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve ser oficiada para dizer se vê elementos para apresentar denúncia

A PF reuniu dezenas de publicações feitas pelo deputado nas redes sociais entre novembro de 2022 e janeiro de 2023. Entre as postagens, há críticas contundentes aos ministros do Supremo Tribunal Federal e elogios aos militares.

Girão acusou o ministro Alexandre de Moraes de abuso de poder por mandar investigar manifestações de bolsonaristas em frente aos Quartéis do Exército contra o resultado da eleição. Também afirmou que o ministro tentou “criminalizar manifestações democráticas”.

O deputado afirmou também que os ministros do STF estão ‘atropelando” a Constituição e que o Brasil vive um “período de exceção”. “Os soberanos togados deveriam abrir seus olhos para as vozes das ruas”, escreveu em uma postagem.

Em outra publicação, General Girão afirmou que as Forças Armadas têm o poder de “restabelecer a ordem e a harmonia entre os poderes”. Ele também incentivou uma mobilização popular contra o Judiciário: “Só há um poder capaz de destituir e derrubar qualquer tirania. Separados, são controláveis. Unidos estremecem até o STF/TSE. Soberano é o povo.”

Em depoimento na semana passada, o deputado disse aos investigadores que fez as publicações para expressar sua opinião, mas negou ter incentivado manifestações antidemocráticas ou violentas. “As postagens não eram um chamado ou um incentivo para o povo provocar uma ruptura institucional”, declarou à PF.

Girão também negou ter financiado ou auxiliado acampamentos montados por bolsonaristas após o segundo turno da eleição. Ele esteve em uma manifestação em frente ao 16º Batalhão do Exército, em Natal. “O Estado brasileiro entrega aos militares o direito de usar a violência em seu nome para a defesa do Estado brasileiro! Para a defesa da Democracia! Para a defesa da Soberania! E é o que eu tenho a certeza que as nossas Forças Armadas continuarão fazendo!”, afirmou aos manifestantes na ocasião.

Defesa

Em nota, o deputado informou que “não vê surpresa nenhuma no relatório da Polícia Federal” e que o documento é “mais uma etapa do processo”. “Ratifica, ainda, que acredita na verdade e que meras publicações em suas redes sociais em novembro de 2022 não seriam suficientes para desencadear qualquer ato e tampouco o ocorrido no dia 08 de janeiro de 2023.”

Estadão Conteúdo

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