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Brasil

Pandemia acentua abismo entre Estados e prejudica a competitividade do Norte e do Nordeste

Ranking anual feito pelo CLP mostra que aumentou a distância social e econômica que separa as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste dos Estados das outras duas regiões

Redação Jornal de Brasília

13/09/2022 5h53

O Brasil está saindo da pandemia de forma mais desigual e com distorções cada vez mais acentuadas entre suas cinco regiões. O ranking anual de competitividade feito pelo Centro de Liderança Pública (CLP) mostra que a distância social e econômica entre os Estados aumentou, situação que, na visão do CLP, deveria ser foco dos próximos gestores estaduais a serem eleitos neste ano.

O ranking será divulgado nesta terça-feira, 13, e avalia os desempenhos de cada unidade da federação em 86 indicadores nas áreas de educação, infraestrutura, sustentabilidade ambiental e social, segurança pública, inovação, eficiência da máquina pública, capital humano e potencial de mercado.

Pelo resultado desta 11º edição do relatório, “saltam aos olhos que, no pós pandemia, as diferenças entre os dois ‘brasis’ aumentou, reforçando ainda mais a desigualdade social entre os Estados do Sul, Sudeste e Centro Oeste e os do Norte e Nordeste”, afirma Tadeu Barros, diretor executivo do CLP.

Pelas pontuações calculadas com base em indicadores de domínio público, os 11 primeiros colocados no ranking são todos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os do Norte e Nordeste estão todos abaixo dessa linha, o que reduz ainda mais a capacidade de competição, principalmente para atrair investimentos privados.

No topo da lista estão São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Do 12º ao 27º lugares só figuram Estados do Norte e do Nordeste com a Paraíba na melhor colocação. O desempenho do Estado líder, com 83,2 pontos, é quase três vezes a do último colocado, o Acre, com 30,2 pontos.

Para Denise de Pasqual, sócia-diretora da Tendências Consultoria – parceira do CLP na realização do estudo – é comum ver Estados do Norte e do Nordeste no fim do ranking. “Mas sempre tinha algum que furava a fila, o que não ocorreu neste ano”. Ela acredita que nas duas próximas edições ainda haverá reflexos da pandemia nos resultados do ranking.

Barros citou o exemplo do Amazonas, que ficou em 10º lugar em 2020 e em 11º em 2021, inserido entre os Estados melhores posicionados. Neste ano, caiu para a 16ª posição. “Isso reforça ainda mais a desigualdade social do nosso País, o quanto está dividido e o quanto a pandemia piorou e acentuou essa situação.”

Segundo ele, o estudo pode servir de base para os gestores públicos avaliarem o que deve ser prioridade nos seus Estados, para a população avaliar o que foi feito e o que precisa ser foco do próximo governo e para a iniciativa privada definir novos investimentos.

No caso de São Paulo, “dois dos mais competitivos candidatos ao governo nos procuraram para entender melhor o ranking”, informa Lucas Cepeda, gerente de competitividade do Centro. Outros Estados também têm utilizado, ou pretendem utilizar os indicadores do estudo para focar seus programas, entre eles Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco e Goiás.

Embora se mantenha na liderança, posição que ocupa desde que o ranking começou a ser feito, São Paulo ficou abaixo do resultado do período pré-pandemia, quando somou 87,4 pontos. Entre os indicadores que pesaram na queda está a segurança pública, pilar em que o Estado caiu da segunda para a quarta posição de 2021 para 2022, em especial por conta de roubos. A solidez fiscal é outro grande problema.

Um destaque observado por Barros é o Rio de Janeiro, que subiu seis pontos neste ano e passou do 17º para o 11º lugar no ranking, com ganhos principalmente nos quesitos eficiência da máquina pública e segurança pública. O outro é Roraima, que saiu do 27º para o 22º lugar ao subir cinco pontos com melhoras no pilar de sustentabilidade ambiental e capital humano.

Sustentabilidade

Incluído como pilar de avaliação do ranking pelo Centro de Liderança Pública no ano passado, o item sustentabilidade se baseia em metas estabelecidas pela ONU e nos critérios ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança). Também nesse pilar, os Estados do Sul e Sudeste seguem como os mais competitivos.

Desmatamentos tiram pontos de Estados do Norte, como o Pará, no item sustentabilidade Foto: Andrew Christian Johnson
São Paulo lidera, com nota 99,7, seguido por Santa Catarina (86,5), Paraná (84,1) e Distrito Federal (75,5). Do Centro Oeste, Goiás aparece em sétimo lugar, com 53,9 pontos, e na sequência estão Mato Grosso (51,9) e Mato Grosso do Sul (51,9).

Já os Estados do Norte e do Nordeste apresentam grandes desafios em relação à avaliação ESG. Os mais bem posicionados são Paraíba, com nota 37,6, Ceará (37,1) e Pernambuco (36,9). As últimas posições são do Piauí (3,6), Amapá (7,6) e Maranhão (7,6).

Estadão Conteúdo

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