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Brasil

Padre do Balão levantava voo há 15 anos

Preso em uma cadeira sustentada por 1.000 balões, ele partiu da cidade de Paranaguá-PR com destino a Dourados-MS

Camila Bairros

20/04/2023 8h50

Foto: Reprodução

Há exatamente 15 anos, no dia 20 de abril de 2008, o padre Adelir de Carli era visto pela última vez. O pároco decidiu fazer uma viagem pendurado em balões de gás hélio, saindo do Paraná com destino a Mato Grosso do Sul.

Paraquedista experiente, o padre criou a Pastoral Rodoviária, projeto de prestação de serviços de caminhoneiros que passagem na região, e o objetivo do voo era chamar atenção e arrecadar dinheiro para financiar as obras de um local para descanso para esses caminhoneiros.

Antes dessa viagem, ele fez um teste com distância menor, saindo da cidade de Ampére, no Paraná, para San Antonio, na Argentina. Ao total, foram percorridos 25 quilômetros e usados 600 balões de gás hélio para voar a uma altitude de 5.300 metros acima do nível do mar. O trajeto durou quatro horas.

Além de chamar a atenção para arrecadar recursos, o padre também queria ficar 20 horas no ar e quebrar o recorde deste tipo de voo, que pertencia a dois americanos que atingiram a marca de 19 horas voando com balões de gás hélio.

No dia marcado para a viagem, o céu estava nublado e o tempo instável. Mesmo assim, Adelir resolveu seguir com o voo. Às 13h, preso em uma cadeira sustentada por 1.000 balões, ele partiu da cidade de Paranaguá-PR com destino a Dourados-MS, um voo de cerca de 20 horas,

Preparado para a viagem, ele estava levando paraquedas, capacete, roupas impermeáveis, aparelho GPS, celular, telefone por satélite, colete salva-vidas, traje de voo térmico, alimentos e água. Com apenas 20 minutos de voo, já tinha atingido uma altitude de 5.800 metros acima do nível do mar, quase o dobro do previsto.

Em contato com sua equipe, Adelir disse que estava bem, mas que fazia muito frio lá em cima. Antes de perder a comunicação, ele ainda disse que as condições climáticas não eram boas, e que estava tendo problemas com o GPS.

“Eu preciso entrar em contato com o pessoal para que eles me ensinem a operar esse GPS aqui para dar as coordenadas de latitude e longitude que é a única forma que alguém por terra possa saber onde eu estou. O celular via satélite fica saindo de área e além do mais a bateria está enfraquecendo”.

O último contato do padre com a Polícia Militar aconteceu às 21h, cerca de oito horas após a decolagem. Ele estava perto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina.

Por meses ele foi considerado desaparecido. Devido às condições climáticas do dia, a investigação disse que ele foi levado para o mar, então várias frentes de buscas foram montadas no litoral brasileiro. Equipes da Marinha, da Aeronáutica e dos Bombeiros passaram um mês procurando o padre no mar de Santa Catarina.

Depois de 75 dias de buscas, no dia 4 de julho, restos de Adelir foram encontrados no mar do Rio de Janeiro por um barco rebocador que prestava serviços para a Petrobras. A identidade foi confirmada por um exame de DNA.

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