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Brasil

Paciente que recebeu órgão infectado por HIV é internado no Rio

Os filhos acionaram, no domingo, equipes da secretaria estadual de Saúde, que montou um gabinete de crise para atender aos transplantados

Redação Jornal de Brasília

21/10/2024 13h33

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Laboratório PCS-Saleme, apontado como responsável por erros em exames de pacientes de transplantes no Rio – Redes sociais

YURI EIRAS E BRUNA FANTTI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

Um dos pacientes que recebeu órgãos infectados por HIV está internado desde domingo (20) no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro. O homem de 75 anos recebeu um fígado em maio.

O laboratório PCS Lab Saleme está sob investigação após serem constatados erros nos exames feitos na clínica, que fizeram com que os pacientes recebessem transplantes infectados com o vírus. Os exames deram falsos negativos para HIV.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Segundo um dos familiares, que preferiu não se identificar, o homem está internado no CTI (Centro de Terapia Intensivo) e entubado. Na sexta-feira (19) e no sábado (20), ele havia apresentado em casa quadro de cansaço e saturação baixa de oxigênio.

Os filhos acionaram, no domingo, equipes da secretaria estadual de Saúde, que montou um gabinete de crise para atender aos transplantados.

A família afirma que médicos investigam quadro de pneumonia e descartam relação direta com o fígado recebido. Procurada, a Fiocruz não respondeu até a publicação da matéria.

O homem soube do órgão infectado no dia 8 de outubro, após uma bateria de exames realizada a pedido da médica responsável pelo transplante. Àquela altura o caso já havia chegado à secretaria estadual de Saúde. A imprensa divulgou a história três dias depois, no dia 11.

Nove pacientes receberam órgãos e tecidos com HIV, dos quais seis foram infectados. Dois receptores não foram infectados e um morreu após o procedimento. Os outros estão recebendo tratamento em hospitais da Bahia e do Rio de Janeiro.

Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, alguns familiares dos pacientes já conversaram entre si e planejam, através de advogados, uma ação coletiva na Justiça.

Foram dois doadores infectados com HIV: um homem de 28 anos e uma mulher de 40. Coração, rim, córnea, fígado foram os órgãos doados.

Estão presos os técnicos Ivanilson Fernandes dos Santos, Cleber de Oliveira Santos e Jacqueline Iris Bacellar de Assis, além do ginecologista Walter Vieira, um dos sócios, e Adriana Vargas dos Anjos, bióloga e coordenadora técnica do laboratório.

A coordenadora foi acusada por funcionários de ter dado ordem para economizar no controle de qualidade. O advogado Leonardo Mazzutti Sobral, que representa a bióloga, afirmou que Anjos “não recebeu e tampouco emitiu qualquer ordem para reduzir a periodicidade de atos relativos a controle de qualidade”.

Nos depoimentos de sócios e funcionários do PCS Lab, nenhum dos envolvidos assumiu a culpa pelos erros nos exames que resultaram na infecção de seis pessoas por órgãos e tecidos transplantados com o vírus HIV.

A principal linha de investigação, até o momento, sugere que houve redução no controle dos reagentes com o objetivo de aumentar o lucro. No entanto, ninguém assumiu a responsabilidade por essa ordem, enquanto outros negam que a redução tenha ocorrido.

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