Casacos fora do armário, vento frio no meio do dia e noites embaixo do cobertor, sem ar-condicionado ou ventilador. Pode parecer estranho, mas tem sido esse o cenário em parte das cidades de Pernambuco nas últimas duas semanas. O inverno, bem mais rigoroso do que o de costume, tornou-se “assunto” na maioria das cidades do Estado, principalmente no Agreste e Sertão, onde as temperaturas baixas combinadas com chuvas insistentes e ventos bravios têm provocado uma onda de frio e de surpresa entre moradores e turistas.
De acordo com dados da Agência de Climas de Pernambuco (Apac), até o momento, o recorde oficial do Estado foi registrado no município de Triunfo, no Sertão, onde os termômetros atingiram 14,1ºC no último dia 7. No entanto, moradores de outros municípios têm publicado fotos, nas redes sociais, exibindo temperaturas (marcadas em termômetros digitais pessoais) que variam de 8º C a 12º C.
Em Pesqueira, no Agreste pernambucano, na última quinta-feira, 13, a administradora de empresas Lúcia Saraiva teve de agasalhar bem o casal de filhos para um passeio pela cidade. “Fomos visitar meus sogros porque era aniversário de casamento deles. Quando chegamos à cidade, o termômetro que fica na entrada estava marcando 12º C. No carro, a temperatura estava agradável porque estávamos com os vidros fechados. Mas quando descemos tive de colocar casacos bem pesados nas crianças e mesmo assim eles reclamaram do frio”, contou.
Também no Agreste, na cidade de Garanhuns – apelidada de Suíça pernambucana – os moradores dizem que não sentiam tanto frio em dez anos. Lá, as temperaturas variam entre 14ºC e 20ºC desde a segunda quinzena de junho. “Todo ano passamos pelo menos uma semana de férias por aqui porque é sempre mais frio do que no Recife, onde moramos. Aproveitamos para visitar os parentes e dar uma aliviada no calor. Mas este ano o frio nos pegou até desprevenidos. Tivemos que comprar alguns agasalhos extras porque os que trouxemos foi pouco”, comentou o dentista Hélio Castro, de 43 anos, que foi à cidade com a mulher e os três filhos.
Em Triunfo, no sertão, o desfile de casacos, cachecóis, luvas e até gorros é uma constante, especialmente à noite, na beira do açude, onde a bela paisagem do casario em estilo francês até lembra cenas de cidades europeias. “Eu estou amando este frio. Posso usar todos os casacos e jaquetas que estavam guardados e que dão um charme especial ao visual. Quero que dure o máximo possível. Moro na cidade há oito anos e esse é o maior frio que já peguei por aqui”, destacou a estudante Sabrina Souto, de 18 anos.
No Recife, além do clima ameno (que varia entre 17º C e 26º C), são os ventos – com picos de velocidade entre 40/h e 50 km/h – que tomam conta das conversas sobre o tempo. De acordo com a Apac, os fortes ventos são reflexos de uma mudança, não tão rara, em um sistema anticiclone que chegou ao litoral pernambucano.
Fonte: Estadao Conteudo