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Brasil

Oi diz ser incapaz de pagar dívidas e pede avaliação de insolvência à Justiça

O comunicado foi assinado pelo administrador judicial da empresa, Bruno Rezende, que apontou incapacidade de pagamento de dívidas e descumprimento do plano de recuperação judicial

Redação Jornal de Brasília

07/11/2025 23h02

Foto: Flickr

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A Oi disse em fato relevante nesta sexta-feira (7) que o grupo está em situação de possível insolvência, segundo manifestação encaminhada à 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A telecom, que já chegou a ser uma das maiores do país, está em sua segunda recuperação judicial.


O comunicado foi assinado pelo administrador judicial da empresa, Bruno Rezende, que apontou incapacidade de pagamento de dívidas e descumprimento do plano de recuperação judicial.


O pedido foi feito após a decisão da juíza Simone Gastesi Chevrand no fim de setembro que antecipou parcialmente os efeitos da falência da companhia e afastou toda a diretoria da operadora.


Segundo o novo fato relevante, o gestor judicial e a companhia reconheceram que a Oi não tem condições de suportar o passivo extraconcursal (dívidas contraídas após o início da recuperação) nem de gerar caixa suficiente para seguir operando.


O administrador e o grupo solicitaram à Justiça que, caso se entenda pela liquidação judicial, as atividades sejam mantidas de forma provisória até a completa transferência dos serviços prestados.
O documento cita o artigo da Lei de Falências e Recuperação Judicial que autoriza a continuidade temporária das operações em casos de liquidação, com estrutura física e de pessoal suficiente para garantir a prestação de serviços até a conclusão da transição.


A medida representa um novo capítulo na derrocada da antiga “supertele” brasileira, que chegou a disputar o mercado com gigantes estrangeiras como Telefónica (Vivo), América Móvil (Claro) e TIM. A Oi enfrenta a segunda recuperação judicial em menos de uma década, agora com dívidas de cerca de R$ 44 bilhões.


Em 30 de setembro, a juíza Chevrand já havia apontado “fortíssimos indícios de esvaziamento patrimonial” e determinado o bloqueio das ações da Nio (antiga Oi Fibra, hoje parte da V.tal), além da destituição do CEO Marcelo Millet e do conselho de administração.


Desde então, Rezende e Tatiana Binato, administradores judiciais, assumiram o comando do grupo e a gestão da transição dos serviços essenciais.


A juíza afirmou à época que havia evidências de operações financeiras irregulares e contratações incompatíveis com a situação da empresa, como a contratação de advogados no exterior por cerca de US$ 100 milhões para uma tentativa frustrada de Chapter 11 (recuperação judicial nos EUA).


Desde a primeira recuperação judicial, em 2016, a Oi vem vendendo ativos e fatiando operações. A unidade de fibra óptica foi transformada na V.tal, hoje controlada pelo BTG Pactual; a marca Oi Fibra passou a se chamar Nio; e a operação de TV por assinatura foi vendida à Mileto Tecnologia.


A operadora mantém ainda a divisão Oi Soluções, voltada ao setor corporativo e governamental, com serviços de nuvem, segurança digital e internet das coisas. Mesmo assim, a empresa não conseguiu retomar fôlego financeiro.


Em 2024, a Oi deixou de operar como concessionária de telefonia fixa, perdendo a obrigação de oferecer planos públicos e atuando apenas em regiões onde é a única prestadora privada, sob acordo válido até 2028.

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