Imagine, se puder, o Brasil como um grande palco teatral. Os holofotes estão acesos e o cenário? Ah, os biomas brasileiros. Mas não uma qualquer! Esta é uma floresta em que cada árvore derrubada parece seguir o roteiro de uma peça tragicômica escrita pelo destino, ou talvez, pela ironia política.
Lá no fundo do palco, dois indígenas observam perplexos o último ato: uma queda de 22% no desmatamento. “Veja só”, diz um deles, com um olhar meio desconfiado, “o número 22, justo o do Partido Liberal! Será que além de políticos, eles agora controlam até as estatísticas ambientais com algum tipo de magia numerológica?”
O outro, coçando a cabeça com uma seriedade cômica, responde: “Deve ser alguma nova estratégia de campanha. Talvez ‘Desmatamento Responsável’, onde só cortam 22% do que realmente queriam cortar.”
Entre risadas, imaginam a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, numa encruzilhada entre aplaudir a redução ou criticar o número simbólico. “Ela deve estar em um dilema shakespeariano”, sugere um deles. “‘Ser ou não ser, eis a questão: aceitar um desmatamento menor pelo bem maior ou denunciar o número cabalístico que parece zombar de nossas desgraças?'”
As árvores ao fundo, ainda de pé, balançam as folhas como se rissem da situação. Até elas entendem a ironia de serem poupadas por um número que representa aqueles que, aos olhos de muitos, seriam os vilões da história ambiental.
Enquanto a cortina se fecha, os indígenas preparam-se para o próximo ato, já que a luta continua. Um sussurra para o outro: “Amanhã talvez descubramos que o aumento no PIB foi de 13%, só para manter o teatro dos números em alta.”
E assim termina mais um dia no palco da Amazônia, onde o real e o surreal dançam juntos, conduzidos pela batuta invisível das ironias do destino ou, quem sabe, dos números.