CARLOS PETROCILO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A rede municipal de São Paulo absorveu um aumento de alunos matriculados na educação especial de 162% nos dez últimos anos, na esteira de diagnósticos de autismo.
A capital registra, em 2025, 39.689 alunos matriculados na educação especial, ante 15.142 em 2015. Grande parte deles (25.482, o equivalente a 64%) tem transtorno do espectro autista. Os dados foram divulgados pela Secretaria Municipal de São Paulo.
Em todo o país, o número de alunos na educação especial passou de 930,6 mil, em 2015, para 2,07 milhões de alunos, de acordo com Ministério da Educação.
Tais crianças e adolescentes se juntam aos demais alunos sem deficiência e têm o direito de receber auxílio para lidar com suas dificuldades como locomoção e higiene, além de estratégias específicas de aprendizagem.
Além dos alunos autistas, a educação especial na capital reúne 8.475 e 5.440 estudantes com deficiência intelectual e física, respectivamente, além de outros 4.039 alunos com deficiências múltiplas -dois ou mais tipos de deficiência.
Os demais alunos possuem baixa visão (999), cegueira (93), paralisia cerebral (947), síndrome de down (1.146), surdez leve ou moderada (729), surdez severa ou profunda (842), surdocegueira (11), surdez unilateral (27), visão monocular (62) e superdotados (100).
Entre os 39.689, mais de 15 mil estão matriculados na educação infantil (CEI/EMEI), com idade até 5 anos, e outros 23 mil frequentam o ensino fundamental.
As novas demandas com a expansão na educação especial têm pautado debates entre MEC e Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
Diante dos desafios, segundo a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), a rede municipal reúne hoje 2.811 AVEs (auxiliares de vida escolar), uma média de 14 alunos para cada profissional. Em 2015, o município contava com apenas 828 AVEs.
De acordo com a portaria que institui a política de educação inclusiva na cidade, em 2016, cada AVE deve atender de dois a seis alunos por turno.
O secretário municipal de Educação, Fernando Padula, diz que não é possível vincular a quantidade de profissionais AVEs ao total de estudantes especiais.
“Os alunos são acompanhados de acordo com avaliação. Os 36 mil alunos não têm o mesmo perfil e deficiência. Também há mudanças, evolução de alunos ao longo do ano”, diz Padula.
“Há alunos que, de acordo com a necessidade, precisam de um plano individual de acompanhamento”, prosseguiu o secretário.
Além dos AVEs, Padula também destaca o investimento na formação de professores voltada à educação especial, como professores PAAI ( acompanhamento à inclusão) e PAEE (atendimento educacional especializado), estagiários, guias e intérpretes de língua.
Segundo a pasta de Educação, 41% dos profissionais, algo em torno de 42 mil educadores, participaram de alguma formação voltada à educação especial, seja de curta duração ou em nível lato sensu.
Compete ao AVE funções como ajudar os educandos com locomoção, hábitos de higiene e trocas de roupa. Já o estagiário do programa Aprender sem Limite tem a responsabilidade de auxiliar os alunos a realizar as atividades pedagógicas e os processos de avaliação.