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Brasil

‘Não existe mais’ e ‘zona de guerra’: os relatos de quem está em Rio Bonito

Mesmo com casas destruídas, moradores ficam próximo às residências para evitarem furto de móveis e eletrodomésticos

Redação Jornal de Brasília

08/11/2025 17h35

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Foto: DANIEL CASTELLANO / AFP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A cidade de Rio Bonito do Iguaçu, a mais atingida pelo tornado que tocou o Paraná na madrugada deste sábado (8), está incomunicável. O município amanheceu hoje com edifícios, supermercados e árvores destruídos.

“Cidade está incomunicável”. Um jornalista da região sudoeste do estado esteve no local na manhã e início da tarde de hoje. Em conversa com a reportagem, Abel Silvério, da página Olho Vivo Paraná, disse que o cenário na região parece ao de um filme de terror, já que está sem energia. “A força do vento não derrubou só casas de madeira e telhas. Derrubou paredes de concreto, prédios de três andares. Colégios, milhares de casas, o próprio edifício da prefeitura, foram destruídos.”

Carros e caminhões revirados e espalhados no meio das ruas. O tornado tocou a área central da cidade e atingiu também uma parada de ônibus movimentada na região. Vidros e janelas dos coletivos foram arrancados e o prédio de um supermercado.

Ruas estão fechadas de entulho. Silvério disse também que presenciou o tráfego de curiosos e pessoas que não têm ligação com o local, o que dificulta na recuperação e chegada de ajuda.

‘Filha muito querida’

Cinco pessoas morreram em Rio Bonito do Iguaçu, a cerca de 381 km de Curitiba, e uma em Guarapuava, a 256 km da capital. As vítimas em Rio Bonito são três homens de 49, 57 e 83 anos, uma mulher de 47 e uma adolescente de 14 anos. A vítima de Guarapuava é um homem de 53 anos.

Uma das vítimas é a jovem Julia Kwapis, de 14 anos. De acordo com o pai da adolescente, ela foi surpreendida quando saia da casa de uma amiga na tarde de ontem. “O temporal foi muito rápido. Ela estava muito feliz, era uma filha muito querida”, disse Roberto Kwapis.

Julia seria crismada na manhã de hoje e a família combinava um churrasco para comemorar. Última mensagem enviada pela menina ao pai falava sobre a festa. “Ela estava me perguntando o que iríamos fazer. Infelizmente essa foi a última mensagem que troquei com ela, em torno de 16h45”, disse o pai, que mostrou a mensagem à RCP.

Vigilância nos escombros

Mesmo com casas destruídas, moradores ficam próximo às residências para evitarem furto de móveis e eletrodomésticos. “As coisas estão espalhadas pelas ruas, geladeira, móveis. Muitas pessoas estão me mandando mensagem pedindo informações de parentes, pais procurando seus filhos, porque não estão conseguindo contato”, completou.

Morador de município vizinho diz que Rio Bonito do Iguaçu “praticamente não existe mais”. Os desabrigados estão sendo levados para igrejas em Laranjeiras do Sul e para o Centro Universitário Campo Real Laranjeiras. “Muitos estão sendo enviados para cá porque Rio Bonito não tem condição. É como se fosse zona de guerra, guerra Irã e Iraque. Cidade vai ter que ser reconstruída”, afirmou César Minotto, comunicador e diretor do portal Olho Vivo Paraná.

Cidade foi 90% destruída

Rio Bonito do Iguaçu tem 14 mil habitantes e foi 90% destruída. O governo do Paraná decretou estado de calamidade pública.

Número de pessoas desabrigadas está sendo contabilizado. “Estamos preparando alojamentos para garantir o amparo às famílias”, declarou o governador Ratinho Junior (PSD).

“Existem fortes indícios” de que Rio Bonito tenha registrado ventos com velocidade superior a 250 km/h, segundo o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná). O órgão explicou, em nota, que o tornado foi classificado preliminarmente com o índice F2, o que equivale a ventos entre 180 km/h e 250 km/h. Se comprovada a ocorrência de ventos em velocidade superior, a classificação será alterada para F3.

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