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Henay Rosa Gonçalves Amorim, 31, pode ter morrido até duas horas antes da colisão na MG-050, em Itaúna (MG), segundo a perícia. O caso, que inicialmente era tratado como um acidente, teve uma reviravolta e passou a ser investigado como feminicídio após imagens de uma praça de pedágio virem à tona.
O QUE A PERÍCIA APONTOU
A estimativa do tempo de morte se baseia nos achados periciais. A precisão do intervalo, no entanto, é limitada, explicou o médico legista Rodolfo Pinheiro em coletiva de imprensa. A análise do corpo passou a considerar um cenário diferente daquele inicialmente apresentado, o que motivou um pedido de novo exame de necropsia. A reavaliação foi solicitada após a identificação de sinais incompatíveis com uma morte exclusivamente causada pelo impacto da colisão.
“É difícil dizer com precisão o tempo anterior, mas, pelos achados, acredito que até umas duas horas antes é possível que ela já estivesse morta. A dinâmica do corpo, com horários pequenos, é difícil de precisar”, disse Rodolfo Ribeiro, em coletiva de imprensa.
Na primeira análise, realizada com a informação de que se tratava de um acidente de trânsito, foram identificados traumatismo craniano e hemorragia encefálica. Com a revisão do caso, um exame mais detalhado revelou alterações hemorrágicas na região do pescoço, compatíveis com asfixia por constrição cervical externa.
Os indícios sugerem que a morte pode ter ocorrido antes da colisão registrada na MG-050, em Itaúna (MG), em 14 de dezembro. O acidente aconteceu cerca de nove minutos depois de o veículo passar por uma praça de pedágio, onde câmeras registraram a vítima imóvel no banco do motorista.
VÍDEO DE PEDÁGIO LEVANTOU SUSPEITA
As imagens do pedágio mostram Henay desacordada enquanto o carro atravessa a cabine por volta das 5h56. No banco do passageiro, o empresário Alison Mesquita, 43, entrega o dinheiro à atendente e conduz o veículo automático usando os pés, esticando o corpo para alcançar o volante. A situação considerada é fora do padrão.
Pouco depois, o carro invadiu a contramão em uma curva e colidiu com um micro-ônibus. Alison teve ferimentos leves, e a morte de Henay foi constatada no local.
Alison alega que, antes do acidente, Henay teria retomado a consciência e reassumido o controle do veículo, mas não conseguiu evitar a colisão. “Desde já, é possível afirmar que os fatos ventilados não encontram respaldo na realidade. Todos os esclarecimentos e teses defensivas em favor de Alison serão oportunamente apresentados, no momento processual adequado”, afirmou a defesa do suspeito ao UOL.
A Polícia Civil aguarda o resultado do laudo de necropsia e a conclusão da investigação preliminar para avançar no inquérito. Os celulares da vítima e do suspeito foram apreendidos para análise.
Os investigadores também solicitaram acesso às câmeras do prédio em Belo Horizonte de onde o casal saiu, para apurar se Henay já foi colocada no veículo sem vida. O apartamento pertencia ao suspeito, que era síndico do local. Alison e Henay estavam juntos havia cerca de um ano.