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Brasil

Ministério da Saúde investiga se hepatite misteriosa causou 10 mortes no Brasil

Pelo menos 19 estados têm registros de pacientes com sintomas da doença. Até o momento, dez transplantes foram realizados

FolhaPress

05/07/2022 22h11

Foto: Agência Brasil

Matheus Moreira
São Paulo, SP

O Ministério da Saúde analisa se dez mortes no país foram causadas pela hepatite de origem desconhecida, a hepatite misteriosa.

Segundo a pasta, as vítimas são do Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo. Elas estavam entre os 96 casos sob investigação.

Pelo menos 19 estados têm registros de pacientes com sintomas da doença. Até o momento, dez transplantes foram realizados.

O ministério ressalta que não há casos confirmados da doença no país.

São Paulo é o estado com o maior número de casos em análise: 32. Eles foram registrados em 21 cidades, sendo quatro da região metropolitana (Diadema, Embu-Guaçu, Itapevi e São Bernardo do Campo).

Os sintomas da doença incluem febre, icterícia (pele amarelada), convulsões, perda de consciência, urina escura ou fezes claras, dores nas articulações e dores musculares, náuseas, vômitos ou dor abdominal, perda de apetite e prurido (coceira em diferentes pontos da pele sem razão aparente).

A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que há 920 casos prováveis da doença em 33 países, além de 18 mortes e 45 transplantes.

O documento emitido pelo Ministério da Saúde também diz isso usando os dados da organização, da mesma maneira que indica terem havido 10 transplantes e 10 mortes no país.

Para a OMS, não há casos de hepatite misteriosa no mundo porque a organização nem sequer indica diretrizes para que um caso possa ser considerado confirmado. O mais próximo disso são os casos prováveis.

A organização indica que a doença oferece risco moderado em nível global, embora trate todos os casos como prováveis. A justificativa é a dificuldade de determinar a causa da doença e o modo de transmissão –não é possível descartar que a hepatite misteriosa seja transmitida de uma pessoa para outra.

O número de casos pode ser ainda maior devido às diferenças na maneira como os países coletam informações.

Os dados a respeito do sexo biológico dos pacientes é um exemplo disso. Apenas 45% dos casos prováveis indicavam o sexo biológico das pessoas com sintomas. O último relatório sobre a doença publicado pela organização indicava que a maior parte dos infectados é do sexo feminino.

O mesmo se dá em relação à idade dos pacientes. Os dados apontam que a maior parte das crianças (78%) com provável hepatite misteriosa tem menos de 6 anos.

Os primeiros casos da doença foram notificados no dia 5 de abril deste ano, quando ao governo do Reino Unido notificou a OMS da existência de dez casos de hepatite de origem desconhecida na Escócia. Todos os pacientes tinham menos de 10 anos.

Atualmente, o Reino Unido tem 267 casos da doença classificados como prováveis.

Os EUA são o país com maior número de casos prováveis, um total de 305. Japão e México têm 58 casos cada um, e a Itália, 34.

Alguns países e organizações de saúde adotam classificações distintas da OMS.

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por infecções virais e até por consumo excessivo de álcool, assim como alguns medicamentos e substâncias tóxicas.

Existem cinco vírus conhecidos que causam a hepatite: A, B, C, D e E. Além destes, há a hepatite autoimune, em que o próprio sistema imunológico do corpo ataca o fígado.

No caso da hepatite misteriosa, como também é conhecida, o agente causador não foi identificado.

A agência de saúde britânica e a OMS investigam se uma mudança no genoma do adenovírus pode ser a causa da doença. O adenovírus é o vírus responsável pelo resfriado comum, gripes e até problemas intestinais e estomacais. A relação com o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, não foi descartada.

Na Europa, dos 371 casos da doença que foram testados para presença do adenovírus, 203 tiveram resultado positivo, o equivalente a 55%. No caso do Sars-CoV-2, foi registrado em 15% das amostras, somando 47 pessoas infectadas.

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