RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
Mensagens de celular analisadas pela polícia mostram que o membro do PCC identificado como Victor Hugo da Silva, conhecido como “Falcão”, se preocupou de que filmar a rua onde mora o diretor da Croeste (Coordenadoria dos Presídios da Região Oeste), Roberto Medina, pudesse chamar atenção das câmeras de segurança do local.
O QUE ACONTECEU
PCC monitorou imóvel, veículos e trajeto da casa do diretor. Em um áudio, Victor Hugo demonstrou preocupação com as câmeras de segurança do local.
“O que acontece, amigo, esses carros aí que eu te mandei estão todos na frente. Se eu tirar foto, tá cheio de câmera. Estou passando a pé, mano, entendeu? E outra, se eu fizer um vídeo vai ficar muito na cara, entendeu? Tá cheio de câmera. As placas dos carros que estão na frente: um é Corolla, entendeu? O último aí é o Fiesta”, diz áudio extraído do celular de Victor Hugo da Silva.
Registros foram obtidos a partir de quebra de sigilo telefônico. As mensagens mostram ainda que membros da facção gravaram vídeos instruindo como chegar até a casa de Roberto Medina. Na filmagem, que tem quase três minutos, é possível ouvir uma voz orientando por quais avenidas seguir, a melhor rua para entrar e os pontos de referência usar para se orientar.
Plano era de assassinar promotor Lincoln Gakiya e diretor de presídios. A trama foi descoberta em julho, após a prisão de dois homens envolvidos em tráfico de drogas em Presidente Prudente. nesta sexta-feira (24), uma operação do Ministério Público de São Paulo em conjunto com a Polícia Civil e a Polícia Militar buscou cumprir 25 mandados de busca e apreensão contra membros do PCC suspeitos de articular o plano para matar o promotor Gakiya e o diretor da Croeste, Roberto Medina.
QUEM SÃO OS ALVOS DO PCC
Gakiya é um dos principais nomes integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado). Promotor de Justiça do MP-SP desde 1991, ele atua em Presidente Prudente, município no interior paulista vizinho a Presidente Venceslau, onde estão detidos os prisioneiros do PCC mais perigosos do estado.
Promotor investiga PCC desde 2005 e foi responsável por transferir chefes da facção para presídios federais. Em 2019, ele pediu a transferência da liderança máxima da facção, Marco Camacho, o Marcola, para o presídio federal de Brasília, após a descoberta de um plano de fuga na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.
Roberto Medina é diretor da Croeste há mais de 10 anos, responsável por coordenar de 36 unidades prisionais. Entre elas, estão nove complexos prisionais e 27 penitenciárias no oeste paulista, incluindo a unidade de segurança máxima de Presidente Venceslau (SP). É lá onde está detido Marcos Roberto de Almeida, um dos líderes do PCC, conhecido como Tuta.
Servidor também vinha sofrendo ameaças há anos e passou a contar com escolta policial. A maioria dos presídios dirigidos por ele concentra detentos ligados ao PCC.