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Brasil

Médico é condenado por dizer que mamografia causa câncer de mama

Médico é condenado após divulgar fake news que associava mamografia ao aumento de casos de câncer de mama

Redação Jornal de Brasília

18/11/2025 15h51

medico

Foto: Reprodução/Redes Sociais

PATRÍCIA PASQUINI
FOLHAPRESS

A Justiça de Belo Horizonte (MG) condenou o médico Lucas Ferreira Mattos, com registros em São Paulo e Minas Gerais, por associar o exame de mamografia ao aumento de incidência de câncer de mama. A denúncia foi formalizada no dia 29 de outubro do ano passado —a sentença saiu um ano depois.

A Ação Civil Pública para a responsabilização do médico havia sido ajuizada em março deste ano pela AGU (Advocacia-Geral da União). O processo faz parte do projeto “Saúde com Ciência”, de promoção da integridade da informação em temas de saúde pública.

Entenda o caso

Numa rede social, Lucas havia sido questionado em uma caixa de perguntas sobre o caso de uma pessoa, que teria dois cistos nos seios e fazia acompanhamento, e o que poderia ser feito.

“Vamos acompanhar? Acompanhar o quê, se o médico não está fazendo nada para resolver. Ficar fazendo mamografia? Uma mamografia gera uma radiação para a mama equivalente a 200 raio-x. Se aumenta a incidência de câncer de mama por excesso de mamografia. Eu tenho 100% de certeza que seu nódulo benigno é deficiência de iodo”, diagnosticou sem qualquer informação de apoio exceto o questionamento da seguidora.

A reportagem procurou na manhã desta terça (18), por telefone, o escritório de advocacia Ananias Junqueira Ferraz & Advogados Associados, que representa o médico Lucas Ferreira Mattos, mas foi informada que o contato com a advogada responsável pelo caso seria apenas por email. A Folha enviou perguntas por email sobre o caso, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

O médico é atuante nas redes sociais. Ele possui 1,5 milhão de seguidores no Instagram e mais de 38 mil em dois canais do YouTube.

De acordo com a ação, além de apagar as postagens da fake news no Instagram e YouTube, o médico foi condenado a pagar R$ 300 mil a título de danos morais coletivos e obrigado a publicar conteúdo pedagógico e informativo sobre a mamografia produzido pelo Ministério da Saúde. Os vídeos já foram retirados do ar.

Na época da propagação da desinformação, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) classificou o conteúdo como fake news.

O câncer de mama é o segundo com mais incidência entre as brasileiras (o primeiro é o câncer de pele não melanoma) e também a principal causa de morte por câncer na população feminina. Segundo o Inca, são estimados 73.610 novos casos para 2025.

Desde o final de setembro, o Ministério da Saúde ampliou a faixa etária para acesso a mamografia no SUS (Sistema Único de Saúde). Agora mulheres de 40 a 49 podem realizar o exame mesmo sem sinais ou sintomas de câncer. Conforme a pasta, essa faixa concentra 23% dos casos da doença e a detecção precoce aumenta as chances de cura.

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