O maior apelo teen do festival levou um ano para confirmar se o barulho que a precedia era condizente com seu tamanho no palco. A galesa Marina Diamondis, que se apresenta como Marina and the Diamonds, atrai uma idolatria de uma plateia que tem as letras das canções sob a língua. Em 2015, sua presença no mesmo Lollapalooza foi anulada no momento do show. Mal explicada, ela mesma contou depois ter tido o voo cancelado. O Lolla insistiu, sofreu pressão do público por votação e repetiu a escalação. Desta vez, ela veio. “Olá São Paulo, estou aqui finalmente”, disse no início. Seu carisma tem efeito instantâneo.
Teen Idle foi dedicada a seus fãs teens, que parecem estar entre os 15 e 22 anos. A seguinte, How to be a Heartbreaker, foi recebida por uma onda de gritos agudos que pareciam esperar por ela há um século. Marina fala com doçura, canta com firmeza, mas ainda parece linear. Seus movimentos seriam suaves se não fluíssem presos, sem a desenvoltura que a própria música pede. A hiper eletrônica Primadonna, por exemplo, é algo que levaria outras cantoras com a mesma proposta à loucura sobre um palco daquelas dimensões. Mas, talvez por falta de mais estrada, Marina ainda se apega ao microfone como se não quisesse largá-lo para se proteger. Sua performance carece de menos salto alto e de mais movimento.
Ela investe em trocas de roupas, principalmente vermelhas, e fica a quatro degraus acima de sua banda, em um mini palco, como se estivesse sendo reverenciada o tempo todo. Froot, de seu álbum de 2015, parece esfriar a maior parte da plateia, mas tudo esquenta de novo e em pouco tempo, com Can’t Pin me Down.
Marina vence pelo coração que parece ter. Fala com emoção, com os olhos marejados, e deve ser por aí que pega seus fãs. Ela lança discos desde 2007, não é tão novata. Talvez careça de um bom diretor de palco, já que no repertório o jogo parece ganho.