O Norte
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Um levantamento da Secretaria da Fazenda do Paraná revelou um dado que chama atenção no atual cenário das finanças públicas brasileiras: apenas sete estados do país possuem uma situação fiscal considerada de “credor líquido” — ou seja, com mais dinheiro em caixa do que o total de suas dívidas. A Paraíba figura nesse seleto grupo, ocupando a quarta posição, atrás apenas de Mato Grosso, Espírito Santo e Maranhão.
O estudo leva em conta a chamada Dívida Consolidada Líquida (DCL), indicador que compara o total de débitos dos estados com o volume disponível em caixa. Na prática, significa que esses entes federativos têm capacidade de quitar toda a sua dívida bruta e ainda manteriam recursos sobrando nos cofres públicos.
Segundo os números apurados, a Paraíba tem atualmente um superávit de R$ 1,8 bilhão, resultado da diferença entre o caixa e as obrigações financeiras do estado. O dado reforça o discurso do governador João Azevêdo (PSB), que vem adotando uma política de equilíbrio fiscal e responsabilidade nas contas públicas ao longo de seus mandatos.
Na ponta da lista aparece o Paraná, com a situação financeira mais confortável do país. O estado administrado por Ratinho Júnior (PSD) tem R$ 35,5 bilhões em caixa e, descontadas as dívidas, sobra ainda um resultado líquido de quase R$ 8 bilhões. O bom desempenho fiscal deve, inclusive, ser utilizado por Ratinho como uma das credenciais em sua tentativa de se viabilizar como candidato da direita à sucessão presidencial de 2026.
Além do Paraná e da Paraíba, integram o grupo de estados superavitários Mato Grosso (R$ 7,7 bilhões), Espírito Santo (R$ 2,83 bilhões), Maranhão (R$ 1,89 bilhão), Amapá (R$ 444,2 milhões) e Rondônia (R$ 333,8 milhões).
Por outro lado, as maiores economias do país seguem acumulando elevados níveis de endividamento. São Paulo lidera o ranking das dívidas com uma DCL de R$ 306,9 bilhões, seguido por Rio de Janeiro (R$ 193,3 bilhões) e Minas Gerais (R$ 161,2 bilhões). Curiosamente, os dois últimos também têm governadores cotados como possíveis presidenciáveis em 2026: Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Romeu Zema (Minas Gerais).
Apesar da alta dívida, São Paulo lidera em volume de dinheiro em caixa, com R$ 63,6 bilhões, seguido pelo próprio Paraná (R$ 35,5 bilhões), Minas Gerais (R$ 28,7 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 22,9 bilhões). No Sul, além do Paraná, o Rio Grande do Sul mantém um caixa de R$ 19,2 bilhões, e Santa Catarina, R$ 12,9 bilhões.
O estudo evidencia um quadro de forte disparidade entre as unidades da federação, mas também coloca em destaque a gestão fiscal da Paraíba, que mantém as contas equilibradas mesmo sendo um dos estados de menor orçamento do país.