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Brasil

Governo diz gastar R$ 5 com doenças ligadas ao tabaco para cada R$ 1 de lucro da indústria

O estudo “A Conta que a Indústria do Tabaco Não Conta” foi apresentado em evento do Ministério da Saúde em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado oficialmente em 31 de maio

Redação Jornal de Brasília

28/05/2025 13h38

MATEUS VARGAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Estudo do Inca (Instituto Nacional de Câncer) divulgado nesta quarta-feira (28) aponta que o governo federal gasta R$ 5 com doenças ligadas ao fumo para cada R$ 1 de lucro da indústria do tabaco.

A mesma pesquisa atribui uma morte para cada R$ 156 mil de lucro das empresas com a venda de cigarros legais. O levantamento cruzou dados de 2019 e considerou as mortes relacionadas ao tabagismo, como por doenças cardíacas isquêmicas, AVC (acidente vascular cerebral) e câncer de pulmão.

O estudo “A Conta que a Indústria do Tabaco Não Conta” foi apresentado em evento do Ministério da Saúde em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado oficialmente em 31 de maio.

A pasta e o Inca ainda lançaram a campanha de mídia “Sem Cigarro, Mais Vida”, com foco no combate ao uso de vapes e outros dispositivos eletrônicos para fumar. “Fique longe dos cigarros convencionais e eletrônicos. Eles causam dependência”, diz uma das peças da campanha.

“Temos de fazer a propaganda contrária [aos derivados do tabaco]. Divulgar impactos negativos na área da saúde, na economia”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT).

O Ministério da Saúde afirma que o custo direto médio e o custo total médio (somando valores diretos e indiretos) equivalentes a uma morte pelas doenças selecionadas foram estimados em R$ 361 mil e R$ 796 mil, respectivamente, em 2019.

“Ao combinar essas duas equivalências, obtém-se que, para cada R$ 1 lucro obtido pela indústria do tabaco, o Brasil gasta 2,3 vezes esse valor com custo direto do tratamento de doenças relacionadas ao tabaco e 5,1 vezes esse valor com o custo total dessas doenças”, diz o Ministério da Saúde.

Pesquisador do Inca e um dos autores do estudo, André Szklo afirmou que há um “ciclo perverso” da indústria de “recrutamento” de novos fumantes, agora fortalecido pelos cigarros eletrônicos.

A secretária-executiva da Conicq (Comissão Nacional para a Implementação da Convenção-Quadro sobre o Controle do Tabaco), Vera Luiza da Costa e Silva, disse que a tributação sobre o cigarro está defasada, e que existe a expectativa de o imposto seletivo, previsto na reforma tributária, consiga “mudar a curva de aumento do consumo”.

Em 2024, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) manteve a proibição da comercialização de DEFs (Dispositivos Eletrônicos para Fumar), conhecidos como vapes ou cigarros eletrônicos.

A agência proíbe desde 2009 a importação, publicidade e comercialização dos produtos oficialmente chamados de DEF (Dispositivos Eletrônicos para Fumar).

Como a Folha de S.Paulo mostrou, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas pressionou a Anvisa a liberar a comercialização do produto, e disse que a repressão ao vape era “enxugar gelo”.

O Ministério da Saúde também afirma, em estudo publicado anteriormente, que o Brasil gasta R$ 153,5 bilhões por ano com os danos provocados pelo tabagismo, “somando custos com tratamento médico e perdas econômicas por morte prematura, incapacidades e cuidados informais”.

“Esse valor equivale a 1,55% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. A arrecadação de impostos federais com o setor alcançou R$ 8 bilhões em 2022, o que cobre apenas 5,2% dos custos totais causados pelo tabagismo ao país”, diz a Saúde.

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