JOÃO GABRIEL
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, diz que o Brasil tem o dever de investir em energia completamente limpa e afirma que o debate sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas é uma contradição inerente ao momento de transição energética.
“[A exploração da Foz] não coloca [o governo em xeque], porque a humanidade ainda não tem como prescindir do uso das fontes de geração de energia fóssil. Agora, os países que podem reduzir ao máximo essa fonte de geração, como é o caso do Brasil, que pode ter uma matriz energética 100% limpa, devem fazer os investimentos”, afirma à Folha.
O petróleo deve ser um dos principais debates entre os países da Cúpula da Amazônia, nos próximos dias 8 e 9, ao lado da discussão sobre a urgência da preservação da floresta a fim de evitar um ponto de não retorno -desequilíbrio irreversível que pode levar o bioma a um processo de savanização.
Durante as negociações para o evento, o governo Lula (PT) se esquivou do compromisso, proposto pela Colômbia, de interromper novas frentes da exploração fóssil, enquanto internamente vê ministros e aliados defendendo a perfuração da margem equatorial, mesmo após a negativa do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
“Cada país tem uma dinâmica própria. A Colômbia está falando de parar [de usar fontes fósseis], mas não tem falado de desmatamento zero, como o Lula tem. É muito ousado falar de [não] exploração de petróleo, mas é igualmente ousado falar de desmatamento zero”, diz Marina.