Atravessar o Mediterrâneo em direção a Gaza parecia uma missão humanitária, mas terminou em confronto diplomático. Na quarta-feira (1º), forças israelenses interromperam a viagem de uma flotilha internacional composta por cerca de 50 embarcações e prenderam centenas de pessoas. Entre os capturados estão dez cidadãos brasileiros e um argentino que reside no país.
A iniciativa, organizada por movimentos pacifistas, tinha como objetivo levar mantimentos básicos a Gaza — água potável, alimentos, remédios e até brinquedos para crianças. Segundo os organizadores, mais de 500 ativistas de diversas nacionalidades se uniram à travessia, considerada pacífica e não armada.
Brasileiros na lista de detidos
Entre os nomes confirmados estão o ativista Thiago Ávila e a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), além de outros nove participantes vinculados a movimentos sociais. O argentino Nicolas Calabrese, que vive no Brasil, também figura na relação de detidos. A delegação brasileira era composta por 17 integrantes.
A interceptação provocou forte reação imediata. Em São Paulo, parentes, amigos e apoiadores dos brasileiros organizaram uma vigília no espaço cultural Al Janiah, cobrando posicionamento firme do governo brasileiro e medidas de proteção aos detidos. Entidades internacionais, como a Anistia Internacional, classificaram a captura das embarcações como ilegal, ressaltando que não há respaldo no direito internacional para impedir barcos em navegação livre em águas internacionais.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel, por outro lado, afirmou que os barcos estavam violando um bloqueio considerado legítimo e se aproximavam de uma “zona de combate ativa”. Em nota divulgada à imprensa, disse ainda que os passageiros foram levados com segurança para um porto israelense.
Até a noite de quarta-feira, pelo menos 178 pessoas tinham sido detidas, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg. A flotilha acusou Israel de cortar transmissões ao vivo e comunicações, descrevendo a operação como um ataque ilegal. O episódio amplia as críticas internacionais ao bloqueio imposto a Gaza, território já devastado por quase dois anos de conflito.