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Facção exigia pagamento a provedoras de internet para evitar ataques no CE, diz investigação

Quando uma das provedoras se negava a repassar esses valores, eram destruídas as redes de fibra ótica, caixas de transmissão e antenas, além de invasão e pichação nas lojas. Os ataques ocorriam, em sua maioria, durante a madrugada, por causa da pouca circulação de pessoas nas ruas

Redação Jornal de Brasília

28/03/2025 14h13

facção ce

Foto: Reprodução

JOSUÉ SEIXAS
MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS)

A facção criminosa responsável pelos ataques a provedoras de internet em diversas cidades do Ceará cobrava, com ameaças, uma taxa de R$ 20 por cliente às empresas, de acordo com a investigação.

Quando uma das provedoras se negava a repassar esses valores, eram destruídas as redes de fibra ótica, caixas de transmissão e antenas, além de invasão e pichação nas lojas. Os ataques ocorriam, em sua maioria, durante a madrugada, por causa da pouca circulação de pessoas nas ruas.

Até o momento, 40 pessoas foram presas por envolvimento nos crimes, de acordo com a Polícia Civil.

Mensagens que fazem parte da investigação obtidas pela Folha mostram que alguns contatos seriam feitos diretamente pelo portal de atendimento das empresas, requisitando uma reunião com o dono ou gerente da provedora.

“Vocês estão ganhando dinheiro dentro da nossa área, então ou vai fechar com nós ou nós vai tirar tudo o que é de internet aí na região. Mas, veja pelo lado bom: se fechar com nós, a única internet que vai ter é a que fechar com nós”, dizia a mensagem enviada à XConnect Telecom.

Uma loja da XConnect Telecom em Caucaia foi pichada com as iniciais CV, do Comando Vermelho, do Rio de Janeiro.

A polícia ainda aponta que a facção queria tomar o controle das operações nas regiões, vendendo um serviço próprio.

Entre os 40 presos, de acordo com a Polícia Civil, pelo menos três são apontados como chefes do grupo responsável pelos crimes. Dois foram presos ainda no início da Operação Strike, no dia 12 de março, enquanto o terceiro foi preso no dia 20.

Também foram apreendidos veículos, aparelhos celulares, armas e munições. Os eletrônicos estão passando por perícia do Departamento de Inteligência.

Os ataques aconteceram nas cidades de Fortaleza, Caucaia, Caridade, São Gonçalo do Amarante, Paramoti e Horizonte. Caridade, inclusive, foi alvo da operação mais recente, na qual oito pessoas foram presas. A cidade ficou com cerca de 90% da população sem acesso a internet. O serviço está sendo reestabelecido.

Há uma semana, um carro da companhia Giga+ foi incendiado no bairro Farias Brito, em Fortaleza. Ao menos seis empresas foram alvo de ataques. A GPX Telecom anunciou o encerramento das atividades no dia 19.

Um grupo especial de investigação foi criado no dia 8 deste mês pelo governador Elmano de Freitas (PT), com a participação da Coin (Coordenadoria de Inteligência) e da Ciopaer (Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas).

O Ministério Público do Ceará ofereceu denúncia contra cinco homens investigados por ataques contra empresas de internet no Pecém, em São Gonçalo do Amarante, no dia 18.

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