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Ex-presidente da Contag, alvo da CPI do INSS, tem transações acima de sua capacidade, aponta Coaf

A entidade é uma das investigadas pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do INSS por supostos desvios em aposentadorias e pensões

Redação Jornal de Brasília

04/10/2025 0h04

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Reprodução Instagram

CAIO SPECHOTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Irmão do deputado federal Carlos Veras (PT-PE), o então presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares), Aristides Veras, teve movimentações financeiras acima da sua capacidade entre 2024 e 2025, de acordo com relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) obtido pela Folha.


A entidade é uma das investigadas pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do INSS por supostos desvios em aposentadorias e pensões. Veras é atualmente secretário de finanças da Contag, associação que é próxima ao PT. Ele está licenciado do cargo e diz que seu patrimônio tem origem lícita.


O ex-presidente da Contag Aristides Veras dos Santos, que foi alvo de um relatório do Coaf Divulgação/Contag Homem de cabelos grisalhos e camisa branca está em pé, votando em cabine eleitoral branca dentro de um salão amplo com iluminação artificial. Ao fundo, outras pessoas estão sentadas em cadeiras azuis e algumas estão em pé, com palco e escadas à esquerda. **** O relatório do Coaf diz que a renda cadastrada de Veras era de R$ 8.764,61 mensais, o que totaliza aproximadamente R$ 105 mil anuais. No entanto, a movimentação financeira no período analisado foi de R$ 572 mil em créditos e R$ 568 mil em débitos.


Os valores movimentados foram de maio de 2024 a maio de 2025. A renda declarada no relatório seria de 2021, época em que Aristides já era presidente da Contag. Ele ficou no cargo de 2017 a 2025.


Os valores são “significativamente superiores à sua renda declarada”, afirma o órgão de fiscalização. “Não há registro de empresa em nome do cliente que justifique tal volume de movimentação”, de acordo com o Coaf.


O órgão lista R$ 15,9 mil recebidos de uma imobiliária e R$ 15,5 mil recebidos de outra dirigente da entidade, entre outros depósitos. “Há recebimentos de pessoas físicas e jurídicas com atividades diversas, como imobiliárias e organizações sindicais, sem justificativa clara para a relação com a atividade declarada de administrador”, segundo o Coaf.


A defesa de Aristides Veras, comandada pela advogada Mariana Mei, afirmou que o dirigente sindical está tranquilo e que jamais desviou recursos.


“Seu patrimônio e movimentação financeira têm origem lícita e podem ser justificados e explicados, o que será feito, se e quando houver uma acusação formal contra si e depois que tiver tido acesso a todos os elementos da investigação”, disse a defesa em nota.
Os advogados também criticaram o vazamento de informações da CPI. “O vazamento seletivo e enviesado de informações de investigações que tramitam em sigilo e às quais nem mesmo os próprios investigados tiveram acesso, é técnica de má-fé, que busca destruir a reputação dos investigados e promover contra eles um verdadeiro linchamento moral, sem sequer lhes dar a chance de contraditório”, afirmaram.


O deputado Carlos Veras, irmão do ex-presidente da Contag, diz ter certeza de que Aristides apresentará informações para esclarecer os questionamentos do Coaf. “Não tenho conhecimento do conteúdo desse documento, mas certamente tudo será devidamente explicado”, disse o petista.


O relatório do Coaf foi solicitado pela CPI do INSS, que tem na associação um de seus principais alvos. A entidade foi pioneira nos descontos associativos em aposentadorias e é a que os tem em maior número, com 1,3 milhão. A confederação afirma que, quando demandada pelo INSS, apresenta as autorizações para descontos dos associados.


Opositores do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentam manter a pressão sobre a entidade como forma de desgastar a gestão petista. Lula comparece de quando em quando a eventos da Contag, que tem proximidade histórica com o PT.


MOVIMENTAÇÃO DE R$ 2 BILHÕES


Outro documento do Coaf, também recebido pela CPI, aponta que a Contag movimentou cerca de R$ 2 bilhões entre maio de 2024 e maio de 2025, sendo R$ 1 bilhão em créditos e R$ 1 bilhão em débitos, aproximadamente.


Segundo o mesmo relatório, a renda da entidade em 2023 foi de R$ 507,9 milhões. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmada pela Folha de S.Paulo.


“A Contag é uma entidade sindical com mais de 60 anos de existência, que representa milhões de trabalhadores e trabalhadoras rurais em todo o Brasil. Sua estrutura é nacional, com federações e sindicatos filiados em todos os estados, o que naturalmente demanda expressiva movimentação financeira para a manutenção de suas atividades sindicais, administrativas, de formação e de mobilização”, afirmou a entidade.


“Todos os recursos movimentados possuem origem identificada e são registrados em conformidade com as obrigações legais e fiscais da entidade. Essa sistemática é transparente, contínua e devidamente registrada”, disse a Contag em nota.

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